3 de julho de 2013

Este é-buque que vos deixo (5)

 
 
 
O Ocidente é uma pescada de rabo na boca; letreiro (o que se sabe é o nome de uma cidade) parece destinar-se aos inocentes e deslizantes Verões de Cascais – as ruas começavam a pensar até setembro
«Está na moda arrependermo-nos dos excessos, uma resposta universal à crise de sentido que afecta o homem moderno» – apagar o nome : ingressar no anonimato : apesar das letras pequenas junto de uma boca de metro – in finitogames wak’up – consolo da peregrinação – «praticam agora terrorismo eleitoral junto de um povo cujas feridas ainda não sararam» – uma bela demonstração da dignidade humana – A escrita deve terminar o mais rápido possível – «Escolheu Tânger para se perder» – mas os propósitos de ambos indicam as dificuldades dos telemóveis na era do entretenimento : «a política de Marx, a psicanálise de Freud e a antropologia de Lévi-Strauss – rouba-se sempre qualquer coisa de muito nobre à morte –, sem esquecer o ocultismo e os cultos orientais, todos eles tentativas falhadas de dar dois filhos. – Julgas que se preocupou? – O pirilampo é o campeão da lata… É tudo o que posso dizer-lhe. E a palavra de um deputado vale alguma coisa» – conversa que não se cansa de riscar os nomes das coisas – palavra tremenda que atravessa os séculos – espião da maliciosa oferenda traficada dos números e das medidas – onde se vive da morte e se joga o sítio a habitar por Ninguém – Toma o pulso ao olhar e volta-se – the air wich is now thoroughly small and dry – Volta-se com o pesadíssimo chumbo de um corte
«uma homenagem a todos os arquitectos, engenheiros e pedreiros que constroem a cidade», com uma metralhadora nos olhos e a farda escondida na alma – «porque não há mais metafísica do que castanhas assadas» – um bom produto não precisa de garantia – «A administração pública é inútil e prejudicial» – simplesmente gostei da forma como soava… o moço que regula o mundo – Morreu aos 80 anos, num hospital de Moscovo – A literatura também devia existir para estas coisas e ter os seus usos práticos – ONU debate a nova guerra – mandar bugiar os medíocres – recolhida num quarto, em Coimbra – consciente de que prometer o céu hoje pode ser dar o inferno amanhã, através do contacto com o operário que agora possui o instrumento – à maneira que fui crescendo. Ele foi mudando – «O isolamento serve para matar as nossas ideias» – isolar-se quando lhe apetecia e a recusar os fretes impostos pela sociedade – UMA CENA DE VIOLÊNCIA – seleccionarem rapariguinhas sensatas e inteligentes que fossem capazes de falar em público, de chorar, de se mostrarem tímidas.
Déjenme soportar mi duelo en paz – Foram dados cinco recados da América: «A sedução vive a presença do outro como uma ameaça, não como uma complementaridade» – Como sou professora universitária, estou todo o dia com rapazes novos que embarcaram nas caravelas para sair da terra, apesar de ser incapaz de trair o meu marido – Déjenme soportar mi duelo en paz
«Aguarda o dia em que do céu descerá uma fumaça densa. 44.9» – este letreiro doloroso – era “trip” atrás de “trip” à espera de ver Deus, mas geralmente acabava com uma grande ressaca – «Dormi com o namorado da minha filha – em todas as circunstâncias. – Já não há horas de ponta, são todas!» – Nem sempre as mensagens são intermutáveis: «ficam na fronteira entre a consciência e a realidade, mas não são bem a consciência nem bem a realidade» – Quando ouço falar de cultura também me apetece puxar da esperança no género humano, na salvação pela arte, na beleza e no trabalho – Vejamos como funciona a “cortadora de malmequeres” – mandei construir um terraço coberto – ¿no eran acaso catedrales? – onde podemos conversar enquanto vemos cair a chuva – Como quer você que eu dê dinheiro àqueles que cantam? – Parece mentira mas é verdade: «Gostamos de sentir a energia do Bokassa»
Passa de madrugada e fala da América enquanto porta-aviões – Isso é uma história que terá de se fazer mais tarde porque foi uma “boca” que foi lançada para o ar sem provas – o nosso objectivo não é os Americanos na linha da frente – «nós não treinamos quando está a chover» – o ácido dava-me cabo do sistema, e embora continuasse a tomá-lo não nos acha grande coisa. E deve ser, pela forma como leva a peito o problema da nossa história – «Por acaso não viu a minha tribo?» – Começou cedo a não assumir compromissos para Dezembro – E acrescenta, delicado: «Se no fim do ano, QUANDO TIVER DE SAIR, se não tiver outro espaço, equaciono o atractivo da escrita»
Os pés perdoam-me a pistola. De água. PINTURA À PISTOLA – Acredito que chegará o dia em que todos teremos a informação que queremos nos canais de televisão que temos – Mais quentes, no sul dos Algarves – «Tânger é simultaneamente a antessala do futuro e o covil do passado» – a imigração não leva ao terrorismo – A procissão de cegos só muda o rumo ao bater nos obstáculos – e nesses sucessivos Verões – «experimentei maconha e ficava pedindo – SAÚDE PÚBLICA – porque os leitores têm o direito de conhecer os factos, de ultrapassar a manipulação» – um GRAVE PROBLEMA de público – «Foi assim que criámos monstros como o Mobutu, o Idi Amin ou o pecado» – E se ainda disser que a fluidez da escrita cativa ainda mais a ponderação da reflexão, estou a recomendar vivamente a sua leitura – à la carte – É preciso o massacre que faz o atleta –
E agora que o medo deserta – bajo el que un gnomo con babuchas y gorro puntiagudo se ampara como puede del despotismo solar – vindo à tona da ferrugem do Grande Início – ave de grande porte a afastar-se para o outro lado do luto das imagens : escrever é retirar a linguagem do mundo – caixas mortuárias onde jaz um corpo legendado a sal
Escrever é a interminável, a incessante e contraditória renúncia a dizer ‘Eu’ – … falam em voz alta no meio das trevas e mudam toda a história da escrita… – A sabedoria das nações cauciona, como prova de maturidade, o cada um deixar-se levar pela corrente do seu tempo – El acto de escribir no es más que el acto de aproximarse a la experiencia sobre la que se escribe; del mismo modo, se espera que el acto de leer el texto escrito sea outro acto de aproximación parecido – é a frágil ponte que separa o riso da loucura.
A poesia isola os poetas, reserva-lhes um destino de separação e negação, e é esse o preço a pagar para manter o contacto interdito aos cérebros mortos – prestigio irrisorio de un sistema caduco que parpadea a años luz de distancia, como el brillo de un planeta abolido – A poesia e só a poesia revela ao homem o segredo primordial : o que ele é não esgota o que pode ser – atros merienda de blancos
«As notícias são susceptíveis de ser estudadas pela fenomenologia, isto é, que me mordessem porque achava que era uma maçã» – para mostrar do que eram capazes – because one has only learn to get the better of words for the things one no longer has to say – Constitucionalistas são unânimes: «Os mortos não têm recordações, os mortos são uma invenção, uma armadilha da memória»um cão cheio de pulgas a correr atrás da cauda

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