7 de março de 2013

Nem sempre a lápis (353)

até Jajouka
(2006)
 
13. Tivesse eu pachorra para amamentar patologias e o ideal seria escrever este capítulo amanhã – chamemos-lhes capítulos – e corresponder-lhe o número 15. Como nunca tive pachorra para amamentar patologias, para estabelecer ligações entre o que se repele tão naturalmente como a água e o azeite, para pretender ler páginas em branco e detectar sinais, onde nada é tudo o que existe, divirto-me a escrever que tenho o azar deste capítulo ser o número 13 e de começá-lo na véspera de fazer cinquenta e sete anos, dia 15. (...) Qualquer coisa como o já demasiado citado Walser disse ao seu amigo e confidente Carl Seelig, embora noutro contexto: «Quando se vai a caminho dos sessenta, deve saber-se pensar noutra forma de vida.» Nada que os poetas sufís já não soubessem e não afirmassem aos ouvidos incrédulos dos cépticos, dos ambiciosos: «A liberdade é a ausência de escolha.»

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