«Após o considerável e inútil esforço mental, sentiu-se quase de rastos. Pensou na reprodução de Stairway, o pequeno quadro de Hopper que havia no apartamento e que o tinha obcecado desde o primeiro dia. O próprio quadro tinha-lhe dito que não saísse. Era uma pintura que convidava a não sair de casa. E, no entanto, ele tinha decidido abrir a porta e lançar-se à chuva, à rua. No entanto, o quadro, apesar de Hopper ter pintado nele uma porta aberta para o exterior, tinha-o convidado, tão nítida como paradoxalmente, a ficar em casa, a não se mexer, nem louco. Mas já era demasiado tarde. Tinha desafiado o quadro, tinha saído.»
[Enrique Vila-Matas, Dublinesca; em tradução para a Teorema;
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