«A espécie de saudável presunção que era a sua ao regressar da América, no princípio da Primavera, fora-se. Nessa altura, tinha confiança no que fazia, apenas com íntimos anseios de aventura. Agora a segurança fora-se. De certo modo, sinto que não tenho apresentado Robert Cohn com nitidez. A razão é que, até ele se apaixonar por Brett, nunca o ouvi emitir um parecer que, fosse como fosse, o distinguisse das outras pessoas. Era agradável vê-lo jogar o ténis, tinha um belo corpo, que mantinha em boa forma; manejava bem as cartas do bridge, e havia nele uma curiosa espécie de caloirice. Se estava no meio de gente, nada de que ele dizia se notava. Usava o que é costume chamar na escola camisas de pólo, e talvez ainda se chamem assim, mas não era profissionalmente juvenil. Não creio que ele pensasse muito no que vestia. Exteriormente, havia sido formado em Princeton. Interiormente, fora moldado pelas duas mulheres que o tinham treinado. Quando se apaixonou por Brett, o seu ténis foi pelos ares. Era batido por pessoas que nunca tinham tido oportunidade de o bater. E ele portava-se muito correctamente.»
[Ernest Hemingway, Fiesta; trad. Jorge de Sena, Livros RTP, Lisboa 1972]
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