8 de junho de 2012

Papiro do dia (227)

«- Vou morrer – disse a custo. – Não me queixo de uma sorte que partilho com as flores, com os insectos, com os astros. Num universo onde tudo passa como um sonho, seria censurável durar sempre. Não me queixo de que as coisas, os seres, os corações sejam perecíveis, porquanto parte da sua beleza é feita desse infortúnio. O que me aflige é que sejam únicos. Antigamente, a certeza de obter em cada instante da minha vida uma revelação que não mais se repetiria, constituía o que havia de mais luminoso nos meus prazeres secretos: agora, morro envergonhado como um privilegiado que tivesse assistido sozinho a uma festa sublime que apenas terá lugar uma vez.»


[Marguerite Yourcenar, A Salvação de Wang-Fô e outros contos orientais; trad. Gaëtan Martins de Oliveira, BIIS Outubro 2008]

10 comentários:

Anónimo disse...

Já por varias vezes ponderei comprar este livro, mas tenho em casa "Como a agua que corre" e ainda não tive coragem nem grande disponibilidade para ele...
Aconselha algum dos dois? :)

fallorca disse...

Aconselhar, é forte...
Digo-lhe que li e releio os dois :)

Anónimo disse...

Já é bom sinal !
Algum dos dois lhe é mais proximo que outro? :)

fallorca disse...

O Wang-Fô; tenho-o aqui ao lado sobre a mesa

Anónimo disse...

Gosto sempre de saber as opinioes alheias :) Obrigado!

fallorca disse...

Olhe, também eu e considero o blogue um excelente meio
Obrigado :)

Anónimo disse...

Ora nem mais ! O Blogue é um excelente meio para partilha de opiniões com alguém com a mesma paixão que eu :)

fallorca disse...

Livros e seus derivados, não é? :)
Também me parecia, fiufiu...

fallorca disse...

Fiz alguma das minhas e o seu comentário não foi publicado.
Bom, copy paste ;)

«Todos os tipos de arte, problemas sociais, mas principalmente livros, é verdade :) Apesar de que a ciencia é um dos meus amores tambem !
Não faço por disfarçar :)»

Anónimo disse...

(no problem :) )