31 de julho de 2011
30 de julho de 2011
Nem sempre a lápis (193)

Papiro do dia (108)
«Poeta na Praça da Alegria:
Não sou infeliz. Não, não me quero matar.
Tenho até uma certa simpatia por esta vida
passada nos autocarros,
para cima e para baixo.
Gosto das minhas férias
em frente da televisão.
Adoro essas mulheres com ar banal
que entram em directo no canal.
Gosto desses homens com bigodes e pulseiras grossas.
Acredito nos milagres de Fátima
e no bacalhau com broa.
Gosto dessa gente toda.
Quero ser um deles.
Não, não guardo nenhum sentido escondido.
Estas palavras, aliás, podem ser encontradas
em todos os números da revista Caras.
A ordem às vezes muda.
Não quero que me façam nenhuma análise do poema.
Não, não escrevam teses, por favor.
Isto é apenas um croché
esquecido em cima do refrigerador.
Obrigado por terem vindo cá para me beijarem o anel.
Obrigado por procurarem a eternidade da raça.
Mas a poesia, mes chers, não salva, não brilha, só caça.»
[Golgona Anghel, Vim porque me pagavam; Mariposa Azual, Julho 2011]
29 de julho de 2011
28 de julho de 2011
Às vezes, lá calha...
«"....... há viagens de estar a ir e a abrir caminho sem se saber ao certo aonde vai dar........ e a viver, no entretanto........."»
«É bom trabalhar nas Obras» (95)

Falta pouco para o plebiscito.
O pai da Patricia muda de escritório de três em três dias. Procura evitar que arrombem os lugares onde está a fita gravada da campanha contra Pinochet. Quer manter as imagens em segredo para que os publicitários do «Sim» não consigam reagir.
Estamos na aula de desenho. A professora acaba de nos explicar os girassóis amarelos de Van Gogh. Diz que as cores provocam sensações, estados de espírito. O azul é o mais triste de todos. É uma cor fria, como o verde. As outras, são cálidas. Estamos em silêncio com as nossas aguarelas a pintar qualquer coisa que evoque uma emoção. No reverso da página temos de escrever o que é que pretendíamos com o desenho. Espreito o trabalho do Che. Trata-se da cordilheira, mas em vez de neve nos cumes, pôs anjos a baterem as asas. Não sei o que é que pretende.
Eu não me perco. Atrás, anotei «Alegria» e na frente, estou a pintar um arco-íris.
Entra o inspector Pavez. Temos instruções para nos levantarmos cada vez que chega uma visita. Mas o inspector indica-nos com as mãos para permanecermos sentados. Algo na direcção do seu olhar me faz intuir que não me devo sentar. E assim é, porque diz com a sua voz rouca:
- Santos.
Sei o que todos os meus companheiros de turma estão a pensar. Sei que se lembram do dia em que levaram o meu pai preso. E sei que sabem que agora me vão levar a mim. O papi tinha razão. Não me devia ter metido em sarilhos. Fui um estúpido ao fazer o meu discursinho em frente do tenente Bruna. O inspector tem uma expressão grave. Uma seriedade fúnebre. Agora, temo que tenham encontrado o meu pai. Temo que o tenham encontrado morto e é o que o reitor me vai dizer agora, por isso a cara de Pavez, com os queixos cerrados.
Os rapazes sentaram-se, menos o Che.
- Acompanho-te – diz.
Passou-me a mão pelo ombro e aperta-me o braço. Sinto a garganta seca. Olho para os nossos desenhos sobre a mesa e hesito em guardar o meu material na mochila, antes de sair. É tudo tão horrivelmente lento: eu não quero partir e, segundo parece, o inspector quer que me ponha na reitoria dentro de um minuto.
- De que se trata, inspector? – diz, muito calma, a professora de desenho.
O homem não responde e dá uma palmada no ar intimando-me a apressar-me. Opto por deixar tudo como está.
- Porque trocaste a neve pelos anjos, Che? – digo-lhe, soltando-me do braço dele.
- Temos falta de loucos.
Folheia de relance as páginas do seu caderno de croquis e na maior parte das páginas, tem um anjo. Às vezes, a voar, ou deitado, ou sentado na valeta, ou com uma galinha nas mãos.»
Folheia de relance as páginas do seu caderno de croquis e na maior parte das páginas, tem um anjo. Às vezes, a voar, ou deitado, ou sentado na valeta, ou com uma galinha nas mãos.»
Papiro do dia (107)
«Pra ondé que tu ias, vamos lá a saber?
Pra lugar nenhum, respondeu Holme.
Pra lugar nenhum.
Isso.
Ainda és capaz de lá chegar, comentou o homem.»
[Cormac McCarthy, Nas Trevas Exteriores; trad. Paulo Faria, Relógio D´Água 2011;
tu queres é a minha desgraça]
26 de julho de 2011
Às vezes, lá calha...
«A paisagem está lá, para dizer que o mundo exterior existe e nos escapará sempre um pouco, à revelia dos nossos desejos e dos nossos talentos. Talvez então a paisagem não seja a metáfora de uma exterioridade distante e maior, muito maior, que as leis e os livros.»
(Ruy Duarte de Carvalho)
[para lá da Net]
Nem sempre a lápis (192)
Papiro do dia (106)

24 de julho de 2011
Porque a Net fornece um novo dia

Às vezes, lá calha...
«... (de qualquer maneira o que estou a ordenar não é para publicar assim, estou só a arrumar, e, ainda que o fosse, o eventual leitor está sempre autorizado, se ainda assim não decidir abandonar-me, a passar à frente caso estas coisas o enfastiem...)»
Nem sempre a lápis (191)
Papiro do dia (105)

É vestindo pano importado desse tempo, que na estória de SRO se desloca um dos vultos que convergem um para o outro numa paisagem que se estabelece e estende sobre ondulações muito iguais, pelo continente adentro, daí para a frente. O traje do outro são peças tecidas que se chamam tanga, desse algodão fiado desde sempre nos interiores do leste e cruzado em teares como os do antigo Egipto, de trama apertada alguns e de espessura muito fina outros, desses só usam os chefes e famílias com poder. Veste disso e couro, à volta das canelas e da cintura, e traz consigo, a tiracolo, uma bolsa de fibra de cânhamo, liamba, e uma esteira de bordão enrolada e arrumada dentro de uma pequena canoa de fibra de palmeira que dá para equilibrar ao ombro porque é atravessada por um cabo comprido a que a mão desse lado agarra.
É de manhã, cedo ainda. Um tem o sol pela frente. Vem do lado da costa, portanto. Empurra a sombra, o outro. É porque vem do leste, do leste dos venenos, das longas audiências, das discussões sem fim, dos agravos novos saídos da cura de agravos antigos, das intrigas nas cortes, tão shakespearianas porque convocam tudo, medo, rancor, traição, inveja, cupidez e amor. As suas sombras vão-se misturar, baralhar destinos. Mas disso cada um não sabe ainda, ainda vêm metidos só consigo mesmos, a anhara é vasta, é muito o mundo, há gente junta num lugar e noutro mas o que há mais é direcções a sós. Depois dão conta que cada um lá vem.»
22 de julho de 2011
Nem sempre a lápis (190)
Papiro do dia (104)

Vir ali a ouvir SRO a dizer coisas assim, que o exaltavam, era uma coisa que só me podia deixar perplexo, aturdido, siderado perante aquela performance de exaltação, furor verbal e embriaguez votiva, ao volante de um jipe e a levantar poeira pelas extensões do norte da Namíbia de tal maneira que tudo aquilo não podia ser dito senão aos berros e ao sabor dos solavancos e das emendas bruscas à direcção do carro, dos buracos e das curvas da picada, a que a condução, no limite da velocidade possível, e sem recurso ao travão, obrigava. Para ele o gosto, manifesto e sem disfarce – a dar-se assim, fácil de ler, a personagem –, de se largar e de alargar-se em pistas, de estradas e de lembranças muito percorridas antes, e em torrentes de fala, cascatas às vezes a que respondia, mais do que ao curso e aos acidentes do caminho, a esforçada caixa de velocidades da viatura, estrondosas acelerações, em segunda ou em terceira, para depois engatar a quarta e o jipe assim dava um salto para a frente e o silvo dos pneus, na areia do chão das chanas, excedia o rumor da carburação e era uma pausa extensa em que assentava a fala, e o pó no ar, à volta, que a fala levantava, e dava tempo ao fôlego para se expandir de novo quando na próxima curva a haver, e a ver-se já, fosse preciso meter outra terceira.»
20 de julho de 2011
Às vezes, lá calha...
«Amigo, dado o fosso que separa as tuas experiências das minhas, o mais que posso fazer para te dar uma ideia desse sabor singular, é dizer que, de uma maneira geral, os livros sabem ao cheiro do café.»
Nem sempre a lápis (189)
Papiro do dia (103)

[Ruy Duarte de Carvalho, As Paisagens Propícias, Livros Cotovia, Março 2005;
escreveu torto em máquina direita]
escreveu torto em máquina direita]
18 de julho de 2011
Às vezes, lá calha...

«É bom trabalhar nas Obras» (94)

- Que país curioso, que é o Chile! Apesar de eu ser o melhor publicitário, estou desempregado num país em que tudo é publicidade. Por ser bom publicitário, ameaçam-me, prendem-me, torturam-me, atiram-me de volta à rua marcado a fogo. Quando me oferecem um trabalho que não posso aceitar, é o melhor salário do mundo. Quando me oferecem uma campanha que deveria aceitar, o ordenado é ad honorém.
O senador avançou até à janela e pôs-lhe uma mão fraternal no ombro.
- O seu quadro privado joga muito bem com o quadro público. Uma ditadura feroz que agarrou o poder a tiro de canhão, bombardeamentos aéreos, torturas, prisão, terror, exílio, decide perpetuar-se no poder não pelas armas, mas com o gesto palaciano de submeter a continuidade do regime a um plebiscito. E como coroação da ironia, oferece aos opositores quinze minutos na televisão pela primeira vez em quinze anos de censura total, para convencermos o povo a votar contra o ditador.
- Vão legitimar-se internacionalmente como uma democracia.
- E a única maneira de evitar isso é fazer com que o tiro lhes saia pela culatra. Quer dizer, senhor Bettini, que o senhor faça com que ganhe o «Não». O que me diz?
O publicitário fechou os olhos e esfregou as pálpebras com força, como se quisesse apagar um pesadelo.
- Caro senador, não estou nada optimista quanto à vitória do «Não». Não creio que este país envenenado ideologicamente e aterrorizado se atreva a votar contra o «Sim», e não tenho sequer a mais pequena ideia na minha cabeça sobre qual poderia ser o lema da campanha.
Don Patricio bateu-lhe nas costas afectuosamente, uma vez mais e, levantando as suas fartas sobrancelhas, sorriu.
- Parece-me um valioso capital para começar. Aceita?
Por cima do ombro de don Patricio, Bettini viu estupefacto a mulher a levantar-lhe o dedo polegar aprovador, assomando-o pela porta entreaberta.
- Senador, eis aqui a tradução chilena para a palavra japonesa haraquiri: sim!
O político abraçou-o e pondo o chapéu saiu a correr de casa, talvez com receio de que Bettini se arrependesse.
Pela janela, o publicitário viu-o entrar no carro, e também pôde observar como, assim que arrancou, um automóvel seguia atrás dele.
Decidiu não se alarmar. Desde que não aparecesse publicamente com a sua campanha, não daria um desgosto ao ministro do Interior. Quanto à segurança de don Patricio, pelo menos até ao plebiscito devia estar a salvo. Se Pinochet agora se queria legitimar como um democrata, não podia mandar matar o chefe da oposição. Bom argumento, o de Magdalena. Mas para um país racional, não um onde impera a arbitrariedade.»
Papiro do dia (102)

O facto é que porém não passou nem muito tempo, menos de um ano, até que a família não viesse a dar-se conta de que forma o expediente estava afinal destinado a complicar ainda mais a situação. Uma carta mandada pelo director da companhia do Amboim àquele tio do pai de SRO que tinha provido a sua remessa para lá, informa que o rapaz, avesso aos privilégios que por nascimento e relação lhe cabiam e ao lugar que isso lhe podia ter assegurado nas tramas da vida social e mundana da sede da empresa, uma verdadeira cidade, maior que a capital administrativa e comercial da região, a Gabela, passava mas era o tempo todo na roça para onde o tinham mandado, sem se fazer notar nem dar sinal de si, e que agora ia ser preciso fazer alguma coisa. Há mais de dois meses que o jovem não ser de um bebé com que se tinha fechado em casa. Mandaram-lhe então voltar a Portugal. O jovem obedece mas, para escândalo geral e contra todas as expectativas e previsíveis conjecturas, em contexto colonial e afinal em qualquer outro, leva consigo o bebé e desembarca com o filho em Lisboa. A mãe, negrinha avulsa, tinha morrido em Angola, a dar à luz.»
17 de julho de 2011
16 de julho de 2011
Às vezes, lá calha...
«Aldous Huxley após ter experienciado estados psicadélicos, chegou à conclusão de que não é possível que o nosso cérebro seja a fonte destas experiências. Sugeriu que este funciona mais como uma válvula redutora que nos escuda de um input cósmico infinitamente maior.»
Nem sempre a lápis (188)
Tirando as cadeiras de lona tipo realizador, uma no quarto e esta em que trabalho – a minha sala não é um escritório, nem uma rulote –, só tenho duas cadeiras na cozinha. Raramente são usadas; quando mudo lâmpadas e a empregada lava os vidros, nem sempre. Tenho um sofá, onde engomo roupa esticada e deixo à mão para o caso de voltar a sair. Entretanto, arranjei a aviadora para aconchegar o canto de leitura na sala; a lareira. Recebi a casa com o mobiliário propício para quem vive sozinho. Sentir-me-ia muito só, se olhasse em volta e visse lugares vazios.
Papiro do dia (101)

15 de julho de 2011
14 de julho de 2011
Às vezes, lá calha...
«Não há continuidade, sendo caso disso, que não exija algum sentido a haver. E não há narração que não siga, persiga, uma continuidade que a garanta.»
«É bom trabalhar nas Obras» (93)

Depois de assinar e anotar o número do seu bilhete de identidade no caderno que os despreocupados polícias lhe estenderam, para que assinasse a recepção do documento, rasgou o sobrescrito e ficou ao corrente do conteúdo.
Como se adivinhasse que a filha e Nico lhe iriam perguntar qual o assunto da missiva, antecipou-se-lhes e disse que era uma citação do ministro do Interior para comparecer amanhã, às dez, no edifício da sede do governo do general Pinochet.
Patricia Bettini não pôde evitar um sobressalto. O pai tinha estado duas vezes na cadeia e, uma vez, gorilas não identificados tinham-no raptado e agredido até o deixarem inconsciente.
O homem pediu à mulher, Magdalena, para se juntar a eles à mesa do chá e depois de mexer demoradamente a colher na chávena, confessou que hesitava entre apresentar-se no dia seguinte ao encontro com o ditador ou fazer agora mesmo uma mala com alguma roupa e esconder-se durante uns dias em casas de amigos.
Patricia recomendou-lhe que se escondesse.
A mulher recomendou-lhe que comparecesse ao encontro. Era melhor enfrentar as coisas do que passar a vida escondido.
Nico Santos pôs um bocado de goiaba na torrada e espalhou-a com a faca pela superfície. Era tal o silêncio que esse ínfimo movimento sobre o pão pareceu estridente.»
Papiro do dia (100)

[David Toscana, O Último Leitor; trad. Luísa Diogo e Carlos Torres, Oficina do Livro / Col. Ovelha Negra, Fevereiro 2008]
12 de julho de 2011
Nem sempre a lápis (187)

Papiro do dia (99)

[David Toscana, O Último Leitor; trad. Luísa Diogo e Carlos Torres, Oficina do Livro / Col. Ovelha Negra, Fevereiro 2008]
11 de julho de 2011
À atenção de alfarrabistas
Morgadinha dos Canaviais
(edição não podada)
exposta à entrada de São Domingos de Rana, do lado direito
10 de julho de 2011
Às vezes, lá calha...
«Encaro e enfrento o presente dando notícia de um tempo que inscreve o meu, ínfima parte, numa porção imensa de passado.»
Nem sempre a lápis (186)
Papiro do dia (98)

Paguei um dólar e comprei o bilhete para Zacapa, que ficava a meio da linha do Atlântico.
O comboio só partia às sete horas da manhã seguinte, de forma que fui para o meu último passeio. Levou-me à Zona Quatro e a uma igreja que eu sinceramente não esperava encontrar na Guatemala, ou neste hemisfério. Dizer que a Capela de Yurrita reproduz o estilo russo ortodoxo é não dizer nada, ainda que tenha cúpulas em forma de cebola e ícones. É um castelo maluco. Nas suas paredes de cimento tem pintados rectângulos cor-de-rosa que imitam tijolo, e na sua torre principal tem quatro gigantescos cones de gelado; debaixo da torre, há catorze pilares decorados com reclames de barbearia. Tem varandas, terraços, fileiras de botões de cimento no telhado casteleiro, quatro relógios atrasados, carrancas e um cão com o dobro do tamanho agarrado a um dos cones. Na fachada estão os quatro evangelistas e, a espreitar das janelas, os doze apóstolos, três Cristos e uma águia de duas cabeças. Era vermelha e negra, metal ferrugento e azulejos. As portas de carvalho são trabalhadas, a da esquerda mostra ruínas guatemaltecas, o da direita túmulos guatemaltecos. E sobre a porta lê-se num pergaminho: “Capela de Nossa Senhora das Angústias”, com uma dedicatória a Don Pedro de Alvarado y Mesia. No brasão de Don Pedro aparece um conquistador batendo um exército em retirada, e sob ele há três vulcões, um deles em erupção.
Lá dentro, três velhotas nos bancos da frente cantavam um hino de louvor a Maria. “Mariiiiiaaa”, cantavam elas, com paixão mas desafinadas, “Mariiiiiaaa”. Na parte de trás da igreja havia quatro índias e uma senhora com um cão. Esta gente devota estava subjugada – quem não estaria – pelo estilo mourisco da galeria do coro, pela ornamentação do altar, o vasto Cristo supino coberto por uma cortina de renda e assistido por uma Maria vestida de escuro, com sete punhais de prata cravados no peito. Todas as estátuas estavam vestidas, e muitos dos ramos de flores nos pesados jarrões dourados eram verdadeiros. As paredes estavam cobertas com frescos turvos e pedra trabalhada – árvores, velas, raios de sol, chamas. Próximo do púlpito, havia um baixo-relevo do Sermão da Montanha. Até o cão estava em silêncio. De alguma maneira, esta igreja de opulência maníaca tinha conseguido sobreviver a cem anos de terramotos.»
Subscrever:
Mensagens (Atom)