11 de novembro de 2013

Nem sempre a lápis (452)

Memória descritiva
Galiza
 
És menina e irmã mais velha, na minha casa de costas voltadas a Fisterra.
Lembro-me da tua voz trazida pelos zé-pereiras.
Pela gaita dos amoladores, quando o sol lhes desmentia o arauto da chuva, e a louça se resguardava dos gatos, como virgem ameaçada.
Apeavam a bicicleta à beira da minha infância, e transportavam-me nas voltas da pedra de amolar.
Nada me fazia adivinhar o fascínio da tua terra cha.
A sinfonia de verdes que me alimentam o olhar e a alma.
Que o mapa das noites de Verão me conduzia a Santiago.
Percorri-te os quatro cantos, dos Ancares, à foz do Eo.
Das rias baixas, às encruzilhadas do Caminho.
Com mágoa e emoção.
Insultado pela História e a fronteira da língua: a cicatriz do Minho.

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