15 de novembro de 2013

Nem sempre a lápis (454)

Memória descritiva
Guerra
 
Já não sonho com aviões ao fim da tarde.
Nem me assaltam visões do céu em chamas, à hora do almoço.
Deixei essas alucinações na parada de um quartel qualquer.
E quando as escrevi, a poesia poupou-me o trabalho de as relacionar com a eminência da mobilização, e a realidade da guerra.
A nossa guerra foi apenas uma guerrazinha de Portugal dos Pequenitos, como alguns pretendem.
Mortos e estropiados, em conformidade com o orgulho da Nação.
Demonstraram-me, por a mais b, a necessidade da guerra.
A urgência da guerra.
Chamavam-me a atenção para a Alemanha, ou até mesmo a Espanha, que evoluíram à custa da guerra.
Ao mesmo tempo gozavam com o Brasil, que não teve guerra, nem tem Inverno.
Nós éramos um caso à parte.
E à parte nos mantemos, assistindo à guerra em directo, na tranquilidade do lar.
Ou enviando cobertores rotos, que nos substituem a solidariedade enlatada das conservas que passámos a importar.

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