18 de fevereiro de 2011

Nem sempre a lápis (134)

Desci o vidro para perguntar a um ramo de mimosas, apanhadas no passeio ao lado de um semáforo, onde ficava o hotel que procurava. Não tenho GPS, o meu sistema de navegação continua a ser o contacto com as pessoas. Entreolharam-se, hesitantes, e a mais decidida indicou a torre iluminada em frente; fiquei nesse há muitos anos, andava a fazer o Caminho de Santiago com um cajado 4x4. O que procuro, é só para dormir, não é para visitar a mobília e a decoração; a AR.CO começou ou deve estar a começar, em Madrid. Depois de ter contornado duas vezes uma rotunda para dar com a saída, a conduzir à inglesa, solicitei a informação a dois putos em frente de uma loja (encerrada) de tattoo & piercing. Entreolharam-se e um sugeriu ao outro, a apertar o capacete amarelo, frisou bem: Oh pá, vamos lá levar o senhor. E seguindo os batedores numa acelera, com os olhos postos no capacete, vim ter ao hotel com um dia de antecedência. Chove e faz um frio de rachar, como se prenunciasse neve. Amanhã, tenho o dia todo para concretizar um sonho da adolescência, atiçado por Bolaño no início de 2666: envelhecer pelo país a vender um livro editado por mim; antes ou depois de o terem levado à cena, como se propõem.

4 comentários:

Nuno Monteiro disse...

porquê o ramo de mimosas...

as fotos estão a caminho!

fallorca disse...

Que falta de sensibilidade, Nuno :)
Venham elas, as fotos, obrigado

Nuno Monteiro disse...

não não é! é a minha formação de biólogo a falar; eu ter-lhes-a chamado margaridas, as mimosas são espécias alóctones e são consideradas pragas (em termos ecológicos)
O Gerês e agora aqui o Alvão Marão estão tomados por esse amarelo obsessivo...

Aí para baixo já não tem frio,pois não?

fallorca disse...

Ok, senhor biólogo :)
Nunca tive frio; mas aqui está outra temperatura. 600 kms directos também ajudam a aquecer