27 de abril de 2012

Nem sempre a lápis (273)

A mãe ausentou-se e deixou o fogão de lenha aceso. A criança foi a correr ao quintal e apanhou um frango, radiante com a ideia.
Entrou na cozinha e atirou o frango para cima do fogão em brasa. Em vez do salto e do esvoaçar e do cacarejar que a criança esperava, o frango ficou imóvel a olhá-la.
A criança assustou-se e pegou no frango, com os olhos rasos de lágrimas inexplicáveis.
A mãe entrou na cozinha, mas o frango não disse nada nem fugiram os dois; a dor colava-os ao chão.