«Naquele tempo, as pessoas fugiam das terras baixas para a montanha – como quando a espada do Islão caiu sobre a Pérsia. Nos últimos vales as aldeias têm nomes persas, e os habitantes não se misturaram com os árabes nem com os mongóis. Estão separados por grandes cordilheiras. Na planície, há apenas desertos vazios, solo lunar ondeado que com a passagem da luz imita o movimento do mar. E a estrada direita que se prolonga sem fim. Numa encosta, muito para sul, fica a cidade de Yezd-i-Khast, que se estende à volta do cume, casa com casa, como as muralhas de um castelo, lançando a sombra da sua silhueta fantástica sobre a planície lá em baixo. Mas as casas estão em ruínas, as paredes esboroam-se por entre as vigias de madeira e o vento sopra pelas janelas vazias. À volta do penedo e da cidade corre uma listra larga e verde-clara de erva, onde pastam ovelhas: um pormenor de brandura.»
[Annemarie Schwarzenbach, Morte na Pérsia; trad. Isabel Castro Silva, Tinta-da-China, Junho 2008;
2 comentários:
Gosto muito deste "pormenor de brandura"
Obrigada!Boa Noite!*
Bons sonhos
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