Verifico, sem querer, que o funcionalismo público – bolsas, subsídios, apoio depurador – e a emigração – edição ou exposição no «estrangeiro» – continuam a ser o principal objectivo do escritor, do pintor, da casta impositiva sob a pacóvia denominação de artista. Designação, corresponde melhor à especificidade; ao artigo. Publicados por recíproca conveniência – não é raro que o Autor seja a face expediente da Imprensa, por quem a Editora se derrete –, se a generalidade desses autores era má à partida, piora de edição para edição; de título para título, a reedição só confirma o disparate. Contam-se pelos dedos da mão e uma basta, os autores que entretanto vou encontrando disseminados online, na dimensão correcta da auto-edição ou edição doméstica; também tribal, naturalmente. Não me preocupa quantos, nem como sobreviverão; só a certeza da intuição me diz que dificilmente serão autores para editar no estrangeiro, leio-os mais ocupados a trabalhar para um dia poderem vir a ser escritores de bairro. Sabedores de que «o narrador deve estar sempre presente» (Ricardo Piglia), escrevem sem autor; só depois delegam nele o respeito pelo leitor.
26 de maio de 2010
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