15 de setembro de 2012

Nem sempre a lápis (317)

O Sol estava pendurado no cume do céu branco. As aves não se afoitam no sufoco do ar, vazio; nem uma rola, nem uma popa, na berma da estrada estreita. A terra era a pele de uma vaca, mal amanhada entre alfarrobeiras e figueiras e amendoeiras e romãzeiras, propriedade da memória dos muros. Tudo velho, gasto pelo tempo e o vaivém das estações; digamos assim. Essa da pele da terra, ouviu-a ao Miguel-dos-caracóis, a comunicar a cor da pelagem do cão atropelado por um lavrador na passadeira em frente da esplanada; vermelho como uma vaca. Atalhou pelos Cabeços para evitar o desafio das rotundas; a ler paisagens e a sortear a entrada na Nacional. Nas duas últimas horas, era a segunda vez que pegava no carro. Ia buscar a cadela à tosquia. Cruzou-se com o acidente no regresso. Prosseguiu quando chegou a sua vez; 35º na rotunda, anotados na frescura centenária da casa.

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