«Ambos tínhamos vivido em França. Os franceses eram genuinamente educados – ou tinham sido, em tempos. Neste século tinham apanhado uma dura sova. Contudo, ainda tinham uma intuição real para as belas coisas, para o lazer, para ler e conversar; eles não desprezavam as necessidades do corpo, as necessidades humanas básicas. Nunca deixo de reconhecer isto aos franceses.
Em qualquer rua podíamos comprar uma baguette, um par de cuecas taille grand patron, ou cerveja ou brandy ou café ou charcuterie. Ravelstein era ateu, mas não havia razão para um ateu não ser influenciado pela Sainte Chapelle, não ler Pascal. Para um homem civilizado não havia vivência, atmosfera, como a parisiense. Pela minha parte, tinha-me sentido bastantes vezes desprezado e maltratado pelos franceses. Nunca considerei Vichy um mero produto da ocupação nazi. Eu tinha as minhas próprias opiniões acerca da colaboração e do fascismo.»
[Saul Bellow, Ravelstein; trad. Rui Zink, a preço silly pelo “DN”]
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