9 de setembro de 2012

Papiro do dia (257)

«O legado de Ravelstein para mim era um tema – ele pensou que me estava a dar um tema, talvez o mais importante que eu alguma vez tivera, talvez o único realmente importante. Mas o que um tal legado significava era que ele iria morrer primeiro que eu. Se eu o antecedesse, ele decerto não escreveria uma elegia sobre mim. Qualquer coisa para além de uma página para ser lida na cerimónia fúnebre teria sido impensável. E no entanto éramos amigos íntimos, mais íntimo não seria possível. Era da morte que nos estávamos a rir e, é claro, a morte aguça o espírito cómico. Mas o facto de estarmos a rir juntos não significava que estivéssemos a rir pelas mesmas razões.»
[Saul Bellow, Ravelstein; trad. Rui Zink (a preço silly pelo “DN”);
trema]

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