Animais domésticos
(1970/1980)
Este é o espaço destinado a todos os equívocos, com gente assomando – estridentemente – às colunas por onde se esvai a escrita.
Porque a necessidade deixou de ser travessa e assume-se como gazua.
21. A erva não está cortada, mas olhos verdes viram-na rir. Traduzida depressa para as frases mortas das paredes, depois de um cisne passar.
E quando disse mãe, do outro lado respondeu-lhe a Morte, fotografada pelo olhar horrorizado de uma criança.
As pedras também não morrem.
É uma mancha verde correndo,
correndo das (nas) mãos.
24. Boca de peixe, com os motores da mãe rugindo na areia –. Arde o peito, arde a memória, tragada pela breve humidade das costas, como uma pedra quente sobre cidades europeias.
Como a respiração das pessoas dentro da boca das outras pessoas.
Aquário onde assisto ao fuzilamento dos nomes, com o fascínio de uma janela entreaberta na puberdade.
25. (...) porque uma praia acordou pouco depois de partirmos. Entretanto, era o deserto queimado –
o teu sangue no musgo das mãos que passam. Ave cinzenta das dunas, quando a voz gela nos ombros que se foram embora.
Por onde ardia, uma árvore rendia-se às águas mortas
– Algeciras é no corpo em frente
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