30 de março de 2011

Papiro do dia (48)

«A CALDEIRA DESTE MUNDO
Os desejos deste mundo são como uma caldeira, e os temores aqui em baixo, são como um banho. Os homens piedosos vivem acima da caldeira, na indigência e na alegria. Os ricos são os que trazem excrementos para alimentar a caldeira e para que o banho se mantenha quente. Deus deu-lhes a avidez.
Mas, abandona a tua caldeira e mergulha no banho. Os do banho reconhecem-se pela cara, que é pura. Mas o pó, o fumo e a sujidade são os sinais dos que preferem a caldeira.
Se mesmo assim não vires o suficiente para os reconheceres pelo rosto, reconhece-os pelo cheiro. Os que trabalham na caldeira, dizem: “Hoje trouxe vinte sacos de bosta para alimentar a caldeira.”
Estes excrementos alimentam um fogo destinado ao homem puro e o ouro é como esses excrementos.
Quem passa a vida na caldeira não conhece o cheiro do almíscar. E, se por acaso o sente, adoece.»
[Rumi, Parábolas Sufis; trad. Jorge Fallorca, Fim de Século, Fevereiro 2000;

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