3 de outubro de 2013

Papiro do dia (438)

«Hoje passei algum tempo a ler sobre dois acidentes de automóvel; um deles resultou em morte. Para além deste artigo, vinha uma entrevista com um oficial que regressava depois de cinco anos numa prisão no Vietname do Norte. Dizia ter ficado horrorizado no seu regresso ao ver como nós, Americanos, nos enraivecemos à menor frustração. Segundo ele, um homem entra no carro e se não o consegue ligar à primeira ou à segunda tentativa, fica furiosamente zangado. As pessoas que ficam paradas no trânsito, por pouco tempo que seja, perdem a cabeça. Poderá ser verdade estarem todos sempre tão próximos da fúria que o equivalente a tropeçar num dedo do pé provoca um ataque repentino de mau humor? E como podemos nós lidar com este estado de desequilíbrio? Porque é disso que se trata. Quase todos os dias lemos que um maluco qualquer agarra numa espingarda e dispara sobre várias pessoas, simplesmente para aliviar uma pressão intolerável. Mas o que é que causou a pressão? E por que é que só se alivia com uma violência assassina? Perguntas, perguntas a que eu seguramente nunca poderei responder...»
[May Sarton, Prepara-te para a morte e segue-me; trad. Bárbara Smith, Cotovia, Março 1997]

4 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

Por isso permanecem agarrados às suas pistolinhas e metrelhadorazinhas...

Cristina Torrão disse...

Sim: o que é que causa a pressão?

fallorca disse...

(Apreensão...)

F disse...

https://www.youtube.com/watch?v=YoDh_gHDvkk