25 de março de 2012

Nem sempre a lápis (269)

Já tinha calcorreado seca e meca quando os meus passos deram com este sentido único, indicado pela bloga: «Como se as pernas tivessem sido feitas para nos sentarmos em cima delas, e não estarmos de pé ou a andar.» Prossegui o caminho, agora no encalço do título de Thoreau, convicto de que há livros que fazem bem. Espreguiçado o reconhecimento dos trilhos da infância e da juventude – confinados à vila de Mortágua e à tentação de me apear nas Amoreiras e desembocar no Príncipe Real –, a velhice viria a revelar-me bairros insondáveis de Portimão, vielas de Lagoa com gatos à porta de locais com ardósia, valetas de Porches entupidas com pétalas de amendoeira e o campo que o prazer de caminhar descobre, animado pelos cães. E, aventurando cada vez mais o olhar, seguido pela surpresa dos passos, marco ramos podados e deitados abaixo pelo tempo que arrasto até casa ou serro no local, entretido a andar à lenha. Aguardo a todo o momento o livro na caixa do Correio, se o volume da embalagem calibrado pelo olhar motorizado do carteiro, não decretar que vá ao posto local do outro lado da estrada, onde caminhar é uma atitude suicida. «Levava um aviso para levantar um livro no bolso da camisa», digamos assim.

2 comentários:

Gabriel Pedro disse...

Falta-me este...
obrigadinho


http://www.anjoinutil.blogspot.pt/

fallorca disse...

Gabriel,
faço votos de que encontre o seu em melhor estado; o que não deve ser difícil