«“Porque estamos juntos?”, a sua resposta foi: “Qual é a alternativa?” Claro que não há alternativa. Para o melhor e para o pior, somos animais gregários, condenados ou abençoados a vivermos juntos. A minha pergunta não implica a existência de uma alternativa; ao invés, procura saber quais os benefícios e males dessa união e como conseguimos traduzir esta imaginação de união por palavras.
Descobri que, com o passar dos anos, a minha ignorância em incontáveis áreas – antropologia, etnologia, sociologia, economia, ciência política e muitas outras – se foi aperfeiçoando enquanto, ao mesmo tempo, a prática de uma vida de leituras aleatórias me legou uma espécie de lugares-comuns em cujas páginas encontro os meus pensamentos nas palavras de outros. No reino das histórias sinto-me um pouco mais à-vontade e, uma vez que as histórias, ao contrário das formulações científicas, não esperam (na verdade, rejeitam) respostas claras, posso deambular neste território sem me sentir forçado a fornecer soluções ou conselhos.»
[Alberto Manguel, A Cidade das Palavras; trad. Maria de Fátima Carmo, Gradiva, Junho 2011;
foi-se a luz]
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