18 de maio de 2012

Nem sempre a lápis (280)




2. Esta noite choveu e na lota, no mercado, na drogaria, na padaria, e também na farmácia, era voz corrente que o cavalheiro habitava a casa de ninguém que alguém lhe emprestara. Certezas, só a de que tomava o pequeno-almoço sempre na mesma esplanada, substituindo a saudação matinal pela afirmação, convicta, de que era o melhor pequeno-almoço dali e arredores.
«Da Europa», retribuía o empregado; resumindo, numa palavra, o nome do estabelecimento.
O cavalheiro recolhia o troco, recebido com o galão e a torrada, dava os bicos duros do papo-seco aos cães para roerem e demorava a laboriosa degustação, alheado. O currículo insistia em pedir-lhe um cigarrinho, no final.

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