27 de maio de 2012

Nem sempre a lápis (283)




5. O cavalheiro consultava as suas considerações e apanhava o voo das gaivotas, previamente anunciado pelos grasnidos. Levantava-se e percorria os diferentes acessos à praia com os cães, sugeridos pela comunicação das trelas. Só duas etapas se conservavam inalteráveis: a vista desafogada da Fortaleza e o regresso pausado pela rampa do Casino, de visita aos nomes.
Percorrida a imprevisível centena de metros – não só pela maré e pela época do ano – o cavalheiro chamava os cães pelo sexo e punha-lhes as trelas e ficava atrelado pelo pulso.
Subia as escadas pausadamente, disfarçava o cansaço, volteava a aproximação ao carro e tirava as trelas aos cães pelo sexo, abria a porta e eles pulavam, ligava a ignição e arrancava, contornava a rotunda na totalidade possível das regras de trânsito e era a certeza do fim da manhã na Europa; onde o cavalheiro ouviu dizer que choveu, essa tarde.

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