
Naturalmente, nenhuma felicidade em escrever, neste empreendimento em que procuro cingir-me o mais possível às palavras e às frases ouvidas, sublinhando-as por vezes com itálicos. Não para indicar ao leitor um duplo sentido e dar-lhe o prazer de uma cumplicidade, que recuso em todas as formas: nostalgia, patético ou ridículo. Simplesmente porque essas palavras e essas frases definem os limites e a cor do mundo em que viveu o meu pai, no qual vivi também. Aqui nenhuma palavra podia ser tomada por outra.»
[Annie Ernaux, O Lugar; trad. António Moreira e Joel Gomes, Fragmentos, Dezembro 1987]
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