30 de abril de 2010

À mão de ler (11)

«Mas um dia o G.G. meteu-se numa alhada. O bom do G.G. Encontrou uma miúda pequena nova na zona. E deu-lhe rebuçados. E disse:
- Bem, tu és uma menina muito bonita! Gostava que fosses a minha menina!
A mãe estava a ouvir à janela e desatou a correr aos gritos, a acusar o G.G. de molestar uma criança. Como não conhecia o G.G., os rebuçados e aquela conversa foram demais para ela.
O bom do G.G. Acusado de molestar uma criança.
Entrei e ouvi o Stone a falar ao telefone com a mãe, tentando explicar-lhe que o G.G. era um homem honrado. O G.G. estava sentado à frente do seu móvel, absorto.
Quando o Stone acabou a conversa e desligou, eu disse-lhe:
- Não devias dar graxa a essa mulher. Ela tem uma mente suja. Metade das mães americanas, com as suas queridas ratas e as suas queridas filhinhas, metade das mães americanas tem a mente suja. Ela que se lixe. O G.G. não consegue ter tesão, tu sabes isso.
O Stone abanou a cabeça.
- Não, as pessoas são dinamite! São dinamite!
Era só isto que ele dizia. Já o tinha visto antes - a acalmar, a implorar, a dar explicações a todos os doidos que telefonavam para falar sobre o que quer que fosse...»
(Charles Bukowski, Correios; trad. Rui Lopes, Antígona, Abril 2010)

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