15 de abril de 2011

Nem sempre a lápis (151)

Desconheço as comunicações e as conclusões da mesa Os escritores que fogem da fama – a sete pés, suponho, embora não seja de desprezar a versão Os escritores malditos – do tão blogobadalado Festival Literário da Madeira (FLM); votos de insular continuidade. Mas esta, eu li surpreendido e deliciado com a autenticidade do decalque. Só reconheço dois tipos de marginal necessariamente antagónicos; assanhados pela libido (e alívio) das desavenças, das rupturas, da competição. Um, senta-se na margem a contemplar o curso do rio – é um sábio; o outro, estrebucha exausto contra a corrente – é o parvo. O primeiro, conhece os ritmos da água, o espectro da reverberação, os humores do caudal, antecipa a mais imperceptível oscilação. O segundo, obstina-se em desviar o curso que se desvia dele, o evita, compadecido. E lembro-me, inevitavelmente, da resposta de Luiz Pacheco aos jornalistas do Libération quando lhe perguntaram pelos marginais, na semana do 25 de Abril: «Foram todos para a Madeira.»

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