Para já, não me soa nada mal...
30 de junho de 2010
Souvenirs (15)
«É bom trabalhar nas Obras» (16)
À mão de ler (45)
«Passei o último serão a escolher as coisas que ia levar, sabendo que para onde ia não havia carrinhos de bagagem, escadas rolantes nem bagageiros que me facilitassem as coisas. Despedira-me de todos e já estava possuído pela habitual alegria de me pôr a caminho, a sensação de alívio sempre nova que me inunda por saber que ninguém poderá alcançar-me, que não tenho marcações feitas nem me esperam em lado nenhum, que não tenho compromissos a não ser os que o acaso possa originar. Adoro misturar-me assim com a multidão, tornar-me um viajante qualquer, liberto do meu papel, da imagem que temos de nós próprios e que por vezes é uma gaiola tão apertada como a do corpo; com a certeza de não dar de caras com alguém com quem tenha a obrigação de conversar e com a liberdade de mandar para o diabo o primeiro que tente fazê-lo.»
[Tiziano Terzani, Disse-me Um Adivinho; trad. Margarida Periquito, Tinta-da-China, Novembro 2009]
29 de junho de 2010
Porque a Net fornece um novo dia
À mão de ler (44)
Nem sempre a lápis (49)
Às vezes, lá calha...
28 de junho de 2010
... e não só
À mão de ler (43)
«Gasull meteu a chave na fechadura e abriu. Entraram os três de repente no quarto. O senhor Santiago Vilabrú Cabestany (dos Vilabrú-Comelles e dos Cabestany Roure) estava a praticar um elaboradíssimo cunnilingus a uma mulher jovem e exuberante, que Elisenda reconheceu imediatamente como a puta assanhada da Recasens. Tita, a irmã de Pili, sim, a Milonga, como lhe chamavam.27 de junho de 2010
À mão de ler (42)
Às vezes, lá calha...
26 de junho de 2010
À mão de ler (41)
Às vezes, lá calha...
25 de junho de 2010
À mão de ler (40)
Nem sempre a lápis (48)
Estimados leitores – futuramente perturbados com o que se espraia aos vossos olhos, se não virem gorado o esforço para chegarem ao fim desta linha –, recentemente chegada de Nova Iorque, onde se terá deslocado para colher formação que lhe permita entrevistar-me para uma conceituada revista internacional de arte (vírgula) solicita-me a minha amiga e ex-colega (eu sei que colegas são as putas, não te rales; distinguem-se cada vez menos, a crise…) do falecido Diário de Lisboa, publicação vespertina onde tínhamos um especial condão para nos pegarmos, em acertados e invariavelmente certeiros dias, prosseguindo o convívio estabelecido, saudosos anos antes, à mesa da entrada da Cervejaria da Trindade, no passadiço d’A Brasileira, abancados no 13 da rua do Norte; pede-me a Lourdinhas, na intimidade ortográfica do nome, que lhe bata uns dois mil narcisos à pala do Zé Povinho.
Às vezes, lá calha...
24 de junho de 2010
Porque a Net fornece um novo dia
Nem sempre a lápis (47)
Um dia destes, se a BT me mandar parar e manifestar curiosidade em ver a espaçosa bagageira da carrinha, ainda me convidam a soprar no balão. A mim, que não molho o bico fez vinte e dois anos em Maio; aproveitei a solidariedade do dia e trespassei a adega aos trabalhadores, assim o afirmava, à maneira dele, Salazar: «Beber, é dar de comer a um milhão de portugueses»; ele há datas que nunca mais se esquecem. Encaldeirei-me talvez por ter ido a Lisboa levar as provas, revistas pelo revisor, de Um Pai de Filme – e não Um Pai Ausente, assim o decidiu à última da hora Antonio Skármeta e, em princípio, o autor é que sabe – e aproveitar a deslocação para assistir à apresentação do DVD & etc., de Cláudia Clemente, na fnac. Cada vez que ouço o Paulo da Costa Domingos dizer, triste e carinhoso, «o Vitor não deve aparecer, já está velhinho», envelheço de uma forma brutal, ainda privado do diminutivo. Calcorreei as ruas e avenidas com pisar flâneur recuperado no Sul e em Asilah, a ver a cidade ao telemóvel, secretária febril de sms, embandeirada, estridente, plasmada em plasmas, suja, desleixada, pretensiosa, linda de se morrer, a pé e de sandálias, invadida de mochilas e de ténis e de botas radicais e insuportáveis, dissecada e aberta no plano, no mapa, na radiografia, segura por mãos indecisas, e eu a ver, trocando o olhar pela curiosidade de quem me olhou, alguém sugeriremos a quem nos sugere; um dia destes, lembrava eu, a BT ainda me manda soprar no balão, apenas porque não há meio de trazer para casa uma chapa esmaltada, um reclame, dos Vinhos Abel Pereira da Fonseca, com um Sol que vi estampado nas bandeiras da Argentina; ocupação selvagem do marketing. Parece que havia futebol, mas nenhum pombo me cagou em cima enquanto bebi um café, caríssimo, na esplanada do Nicola, a fazer de conta que estava em Barcelona, talvez por causa das barras azuis das bandeiras; daltónico quanto convém. Como não gosto de televisão, não posso dizer mal da programação; obrigado Cossery, vieste mesmo a calhar. Vim para casa, onde me encontro; a noite está serena, as mariazinhas crescem no vaso, entre as pedras. É o meu Rif, em miniatura; iluminura.23 de junho de 2010
À mão de ler (38)









