«Nos anos 1950-60, Johannesburg era a Nova Iorque dos laurentinos como eu. Rui Knopfli achava que era Paris: «O meu Paris é Johannesburg, / um Paris certamente menos luz, / mais barato e provinciano. / [...] À noite janto no Monparnasse / de Hilbrow, que é o Quartier Latin / do sítio e olho essas mulheres / excêntricas e belíssimas / de pullover e slacks helanca / e esses beatniks barbudos / excêntricos e feiíssimos, / tudo com o ar sincero / mas pouco convincente do made in USA. / [...] Depois do turkish coffee meto-me / até ao Cul de Sac e fico-me / a ouvir o sax maravilhado / de Kippie Moeketsi. O jazz, sim, / é genuíno e tem um bite / todo local. O néon e a madrugada / silenciosa, o asfalto molhado, / a luz da aurora e a luz dos reclamos / misturando-se, a minha solidão, / aconteceriam assim em Paris. / Aqui ninguém sabe quem sou, / aqui a minha importância é zero. / Em Paris também.» (cf. Máquina de Areia, 1964; o poema é de 1962)»
17 de junho de 2010
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1 comentário:
Agora sei onde os Mão Morta se inspiraram para o álbum Mutantes.
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