25 de junho de 2010

À mão de ler (40)

«(...) Foi no chat que comecei a trocar impressões com a minha BarCode, uma eventual psicóloga, de prováveis trinta anos, supostamente solteira e presumivelmente disponível para amar. A bem dizer, eu não procurava amor. A bem dizer, não procurava nada. Queria apenas experimentar uma nova aventura, um novo mundo, uma realidade diferente daquela em que vivia todos os dias, mas apercebi-me que não havia assim grande diferença entre os mundos ditos virtual e real. Eram ambos preenchidos por pessoas. Logo, eram ambos desinteressantes. Desagradava-me falar com alguém sem lhe ver os olhos, sem lhe sentir o odor dos sovacos. Sabia lá eu com quem estava a falar. Era como se estivesse a falar para uma parede com capacidade de resposta. Era como se as pessoas não fossem pessoas. E isso era agradável. Por outro lado, estimulava-me bastante e dava-me confiança falar com alguém que eu sabia exactamente nas mesmas condições que as minhas, ou seja, alguém que não me podia sentir o odor dos sovacos ou olhar-me olhos nos olhos. Sendo assim, não correria o risco que tantas vezes senti de não saber onde meter os olhos quando do outro lado estão olhos que nos olham como se nós não tivéssemos olhar. (...)»
[Nick a pregar no status]

1 comentário:

hmbf disse...

:-)

Longe do olhar, somos (quase) todos lindos e maravilhosos.