Quanto mais progrido na primeira revisão de Contos Reunidos – para fazer contas e subsidiar a ida até Asilah, outra haverá depois de desbastada pelo revisor –, apercebo-me que Borges e Bioy são a face visível de autores que permanecem na sombra; não obrigatoriamente projectada por eles. Atente-se em Silvina, Wilcock, Ribeyro, Hernández; e então sim, é magnífico. O fascínio pulveriza-se num caleidoscópio recebido pelas boas-vindas de Elvio Gandolfo, organizador e autor do prefácio deste universo: «Não há sorte mais invejável do que a de um bom leitor que ainda não conhece Felisberto Hernández.»
Colhido pela surpresa da oferta do moleskine, com o prático formato de agenda e do ano passado, abri-o deitando fora o curriculum do objecto a transferir para a bolsa o dinheiro acabado de levantar e o respectivo cartão, os bilhetes pré-comprados do autocarro suburbano e o recarregável do metro. Ou seja, passei a escrever numa carteira que também cabe no bolso dos calções de praia – e esteve uma bela tarde bem documentada – e aguenta-se se vier uma vaga ao atravessar o rio, molda-se ao rabo se me esparramar numa esplanada. Escrevi – escrevo mais do que digo – cobras e lagartos sobre os moleskines, a Nico ofereceu-me um há mais de cinco anos, venha ele; creio que ultimamente talvez andasse a escrever demais em blocos de trazer ao peito, em lenços de bolso de camisa.
20 de junho de 2010
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2 comentários:
"A invenção de Morel" é um excelente livro. É do Bioy Casares não é?
Também cheguei a ler outro dele, livro que perdi, era da colecção Livros B - uma pequena colecção de livros de bolso capa preta com, de edição em edição, sempre os mesmos acabamentos a cinzento, folhas azuladas. Dessa colecção também li "o arranca corações" do Vian. os paraíso artificiais do Baudelaire. Também o Fausto do Nerval.
Tanta indicação só para pedir mais livros do Bioy.
Tem um novo, escrito a meias com a mulher, Silvina Ocampo.
«Quem ama, odeia», col. Ovelha Negra, Oficina do Livro
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