«Mole. E enjoada comigo mesma como se me tivesse provado. Um pedaço de pão que depois de se mastigar durante muito tempo acabasse sabendo mal. Sabendo a mim própria, aos meus próprios sucos. Cuspi-me com desagrado para cima da cama e aqui fiquei líquida e espapaçada. É um estado de espírito entre calmo e desesperado com uma leve ansiedade à mistura. Por vezes sinto medo desta solidão maior do que nunca foi, imensa. Para onde quer que me volte só dou comigo mesma. Mas já me vi bastante e acabo de reparar que nada mais tenho a dizer-me. Nada mais.»
[Maria Judite de Carvalho, Tanta Gente, Mariana; Ulisseia, Agosto de 2010;
1 comentário:
Gosto, por razões que são cá tão minhas, do conto pequeníssimo "A vida e o sonho". Sou tal e qual o menino, nunca mais vou para a minha Terra...
Enviar um comentário