13 de maio de 2011

Nem sempre a lápis (162)

A imposição sobre o que se deve ler tornou-se tão insuportável, que não precisei do parecer de nenhuma junta médica para reler e recuperar, o que deixou de ser recomendado, o que passou de moda, o que fui deixando pelo caminho. Nalguns casos, tenho pena de ser tão pouco dado à novidade; noutros casos saí-me mal, como se ter pena não bastasse. Creio ter sido Cossery quem perguntou a um curioso, surpreendido com a escassez da biblioteca de quarto de hotel, «quantos livros achava que valia a pena ter, que valia a pena conservar». Teria de me levantar e procurar Conversas com Albert Cossery (Michel Mitrani); deve ter sido a maior seca que lhe deram e eu não estou disposto a sofrer, à procura do livro. Os livros movimentam-se; a sedentarização mata-os. Por isso, gosto de ler na Net, na bloga; ajudou-me, é verdade, a elaborar uma modesta lista de livros para comprar na Feira, mas esquivo-me a afinar a leitura pelas ave-marias electrónicas. Esquecido A Tábua das Marés, em casa da Nico, como aqui ficou esquecido Sobretudo, as vozes, conto com o ajudante Walser, na Relógio d’Água – fingindo-me indiferente à reposição e actualização de Cormac –, O Anjo da História e Viagem ao Baobá, na Assírio & Alvim. De momento, não me ocorre assim mais nada, além de uma vista de olhos à ASA para ficar a saber como vamos de pequenos prazeres, travado conhecimento com a louca da casa, a original, na Póvoa de Varzim. Feira que não conste no Borda d’Água, grandes superfícies, panteões alfarrabistas; enfim, quando a fartura é muita, o pobre desconfia. No meu caso, este ano opta por assistir a um debate que pretende «Inventar Espaços para a Poesia», onde o colunável é o moderador, José Mário Silva, e os convidados são gente nova; os que gosto de ouvir, a ler de ouvido.

2 comentários:

imo disse...

Boa feira! Por cá, vou salivando enquanto espero :)

fallorca disse...

Fiz os possíveis por não me arruinar, mas...