4 de fevereiro de 2011

Nem sempre a lápis (129)

Começo a desconfiar que Paul Auster já é para o caderno azul português o que Bruce Chatwin foi para o moleskine. Instalou-se a barulheira; êxito caucionado pelo mercado norte-americano – ou um bairro de Nova Iorque? – reportado pela imprensa, a que desconhece «um novo dia» (Herberto Helder). Mais baratos, a capacidade (por enquanto) de serem «diferentes» para quem não os conheceu como carteira de gente modesta, escritório shandy fechado com um elástico das meias da minha senhora ou uma rodela de câmara-de-ar cortada à tesoura. Começo a vê-lo relegar os assertivos moleskine para a vulgaridade que lhe era natural, até à Patagónia. Tenho há algum tempo um caderno azul de reserva, não tenho escrito tanto à mão e andado ainda menos a pé; catrapisquei os falsos moleskine oferecidos por uma revista, de banca em banca. Como era facultativo, apenas por um euro, apanhei os que pude sem comprar a revista. Todos de capa preta, declinei as capas vermelho maoísta; não sigo breviários.

3 comentários: