30 de julho de 2013

Breve interlúdio musical


Porque a Net fornece um novo dia

 
 
 
«Enquanto escrevo deslumbro-me com a habilidade e a velocidade da minha mão.»

Às vezes, lá calha...

«O instinto científico de que se orgulhava era resumido numa frase: um homem que não procure Deus é louco. E um louco deve ser tratado.»
(Gonçalo M. Tavares)

Nem sempre a lápis (380)

Sueste
 
2. Enquanto o sol se empina no ar, como um cavalo com cio, os pardais ocultam-se no fundo da luz –
estandarte verde esmeralda onde nenhum corpo recupera da insónia e tudo é peso resgatado ao ar.

Nada lhes denuncia o abrigo;
as crias aguardam que a canícula aloure a seara para alimentarem a cobiça dos costelos;
os lagartos esticam a língua sobre os muros velhos,
mas as cobras passam ao largo, evitando os cardos que as mulheres secam no telheiro para talhar o leite.

A brisa turva a poalha do largo abandonado,
onde os cães reinam como larvas numa página esquecida.
 

Papiro do dia (421)

«À medida que o tempo passava o pudor das crianças diminuía drasticamente, o que significava também que o receavam menos – a ele – Hinnerk. Algumas vezes – quando se aproximavam em sentido contrário – Hinnerk ouvia, distintamente, uma ou outra criança a murmurar: vem aí o homem.
Esta frase tornara-se uma espécie de apresentação ao mesmo tempo secreta e obscena: vem aí o homem.
Hinnerk, em certas ocasiões, depois de se cruzar com as crianças, sorria, ouvindo naquela frase uma espécie de apresentação infantil da humanidade: vem aí o homem, eis o homem, prestem bem atenção a ele: o Homem. Um pouco como se aquela frase surgisse na sequência de um espectáculo teatral em que se apresentava ao público elementos dos diferentes reinos: eis uma planta, e eis que vem aí um animal, um cão, e agora, cuidado, vem aí um homem, o homem; e então entrava Hinnerk para o palco, agradecendo os aplausos das crianças em júbilo. Eis o homem, já chegou, sou eu.
Mas era evidente que Hinnerk sentia a hostilidade das crianças. A frase vem aí o homem dizia ao mesmo tempo: tu não és um homem, e dizia também: não quero ser como aquele homem
[Gonçalo M. Tavares, Jerusalém; Caminho, 12.ª ed. Março 2012;
e porque não?]



 

25 de julho de 2013

Breve interlúdio musical


 

Porque a Net fornece um novo dia

Às vezes, lá calha...

«A cor introduzida quase microscopicamente na beleza não visava porém o estado de beleza inerte; a cor não queria homenagens, mas sim entusiasmos.»
(Gonçalo M. Tavares)
[Alberto Carneiro, até dia 27 no Teatro da Politécnica]

Nem sempre a lápis (379)

Sueste
 
1. Enquanto a manhã se consome a devorar resíduos de Lua, os cães farejam o ar sujo e denunciam as mulheres derreadas a caminho do mercado.

Cheira a pão fresco e roupa a corar – cheira a sabão,
as laranjas crepitam sobre a mesa,
os cavalos pastam junto à estrada requentada – alheios ao bulício na pedreira.

As crianças espezinham as flores que incendeiam a sarjeta – disparam armas imaginárias, apuram a vocação predadora –
abandonados na valeta os jornais escancaram imagens subitamente envelhecidas
e a brutalidade do sol debota-lhes a actualidade.

O lixo desaloja a água da fonte no meio da praça
os gatos disputam a ilusão de frescura do tanque, onde já ninguém se debruça para refrescar a cara e ajeitar a expressão magoada.
 

Papiro do dia (420)

«Queria que do meu estudo resultasse um gráfico – um único gráfico que resumisse, que permitisse estabelecer uma relação entre o horror e o tempo. Perceber se o horror está a diminuir ao longo dos séculos ou a aumentar. Se é estável. Repara que se descobrir que o horror tem uma certa estabilidade histórica, que mantém certos valores, digamos, de cinco em cinco séculos, se conseguir encontrar uma regularidade, estarei perante uma descoberta fundamental. Quero chegar a um gráfico do que se passou até aqui – desde que temos relatórios históricos mais ou menos fidedignos – nos vários campos de concentração ou de extermínio – não nas batalhas, isso afasta-se do que pretendo – nada sobre conflitos entre exércitos que, podendo ser mais fortes ou mais fracos, são forças a ter em conta, isto é: forças que podem infligir baixas significativas no outro lado. O que quero estudar não é isso, aí estamos a falar de luta e não de horror. Quero apenas estudar as situações em que uma parte não tinha qualquer possibilidade – ou mesmo vontade – de infligir baixas na outra parte, e em que a parte forte, sem qualquer justificação – ou pelo menos sem a grande justificação que é o medo – dizimou a parte fraca.»
[Gonçalo M. Tavares, Jerusalém; Caminho, 12.ª ed. Março 2012]

21 de julho de 2013

... e continua

20 de julho de 2013

Costela gaúcha


... e saia um mate

3 de julho de 2013

Este é-buque que vos deixo (5)

 
 
 
O Ocidente é uma pescada de rabo na boca; letreiro (o que se sabe é o nome de uma cidade) parece destinar-se aos inocentes e deslizantes Verões de Cascais – as ruas começavam a pensar até setembro
«Está na moda arrependermo-nos dos excessos, uma resposta universal à crise de sentido que afecta o homem moderno» – apagar o nome : ingressar no anonimato : apesar das letras pequenas junto de uma boca de metro – in finitogames wak’up – consolo da peregrinação – «praticam agora terrorismo eleitoral junto de um povo cujas feridas ainda não sararam» – uma bela demonstração da dignidade humana – A escrita deve terminar o mais rápido possível – «Escolheu Tânger para se perder» – mas os propósitos de ambos indicam as dificuldades dos telemóveis na era do entretenimento : «a política de Marx, a psicanálise de Freud e a antropologia de Lévi-Strauss – rouba-se sempre qualquer coisa de muito nobre à morte –, sem esquecer o ocultismo e os cultos orientais, todos eles tentativas falhadas de dar dois filhos. – Julgas que se preocupou? – O pirilampo é o campeão da lata… É tudo o que posso dizer-lhe. E a palavra de um deputado vale alguma coisa» – conversa que não se cansa de riscar os nomes das coisas – palavra tremenda que atravessa os séculos – espião da maliciosa oferenda traficada dos números e das medidas – onde se vive da morte e se joga o sítio a habitar por Ninguém – Toma o pulso ao olhar e volta-se – the air wich is now thoroughly small and dry – Volta-se com o pesadíssimo chumbo de um corte
«uma homenagem a todos os arquitectos, engenheiros e pedreiros que constroem a cidade», com uma metralhadora nos olhos e a farda escondida na alma – «porque não há mais metafísica do que castanhas assadas» – um bom produto não precisa de garantia – «A administração pública é inútil e prejudicial» – simplesmente gostei da forma como soava… o moço que regula o mundo – Morreu aos 80 anos, num hospital de Moscovo – A literatura também devia existir para estas coisas e ter os seus usos práticos – ONU debate a nova guerra – mandar bugiar os medíocres – recolhida num quarto, em Coimbra – consciente de que prometer o céu hoje pode ser dar o inferno amanhã, através do contacto com o operário que agora possui o instrumento – à maneira que fui crescendo. Ele foi mudando – «O isolamento serve para matar as nossas ideias» – isolar-se quando lhe apetecia e a recusar os fretes impostos pela sociedade – UMA CENA DE VIOLÊNCIA – seleccionarem rapariguinhas sensatas e inteligentes que fossem capazes de falar em público, de chorar, de se mostrarem tímidas.
Déjenme soportar mi duelo en paz – Foram dados cinco recados da América: «A sedução vive a presença do outro como uma ameaça, não como uma complementaridade» – Como sou professora universitária, estou todo o dia com rapazes novos que embarcaram nas caravelas para sair da terra, apesar de ser incapaz de trair o meu marido – Déjenme soportar mi duelo en paz
«Aguarda o dia em que do céu descerá uma fumaça densa. 44.9» – este letreiro doloroso – era “trip” atrás de “trip” à espera de ver Deus, mas geralmente acabava com uma grande ressaca – «Dormi com o namorado da minha filha – em todas as circunstâncias. – Já não há horas de ponta, são todas!» – Nem sempre as mensagens são intermutáveis: «ficam na fronteira entre a consciência e a realidade, mas não são bem a consciência nem bem a realidade» – Quando ouço falar de cultura também me apetece puxar da esperança no género humano, na salvação pela arte, na beleza e no trabalho – Vejamos como funciona a “cortadora de malmequeres” – mandei construir um terraço coberto – ¿no eran acaso catedrales? – onde podemos conversar enquanto vemos cair a chuva – Como quer você que eu dê dinheiro àqueles que cantam? – Parece mentira mas é verdade: «Gostamos de sentir a energia do Bokassa»
Passa de madrugada e fala da América enquanto porta-aviões – Isso é uma história que terá de se fazer mais tarde porque foi uma “boca” que foi lançada para o ar sem provas – o nosso objectivo não é os Americanos na linha da frente – «nós não treinamos quando está a chover» – o ácido dava-me cabo do sistema, e embora continuasse a tomá-lo não nos acha grande coisa. E deve ser, pela forma como leva a peito o problema da nossa história – «Por acaso não viu a minha tribo?» – Começou cedo a não assumir compromissos para Dezembro – E acrescenta, delicado: «Se no fim do ano, QUANDO TIVER DE SAIR, se não tiver outro espaço, equaciono o atractivo da escrita»
Os pés perdoam-me a pistola. De água. PINTURA À PISTOLA – Acredito que chegará o dia em que todos teremos a informação que queremos nos canais de televisão que temos – Mais quentes, no sul dos Algarves – «Tânger é simultaneamente a antessala do futuro e o covil do passado» – a imigração não leva ao terrorismo – A procissão de cegos só muda o rumo ao bater nos obstáculos – e nesses sucessivos Verões – «experimentei maconha e ficava pedindo – SAÚDE PÚBLICA – porque os leitores têm o direito de conhecer os factos, de ultrapassar a manipulação» – um GRAVE PROBLEMA de público – «Foi assim que criámos monstros como o Mobutu, o Idi Amin ou o pecado» – E se ainda disser que a fluidez da escrita cativa ainda mais a ponderação da reflexão, estou a recomendar vivamente a sua leitura – à la carte – É preciso o massacre que faz o atleta –
E agora que o medo deserta – bajo el que un gnomo con babuchas y gorro puntiagudo se ampara como puede del despotismo solar – vindo à tona da ferrugem do Grande Início – ave de grande porte a afastar-se para o outro lado do luto das imagens : escrever é retirar a linguagem do mundo – caixas mortuárias onde jaz um corpo legendado a sal
Escrever é a interminável, a incessante e contraditória renúncia a dizer ‘Eu’ – … falam em voz alta no meio das trevas e mudam toda a história da escrita… – A sabedoria das nações cauciona, como prova de maturidade, o cada um deixar-se levar pela corrente do seu tempo – El acto de escribir no es más que el acto de aproximarse a la experiencia sobre la que se escribe; del mismo modo, se espera que el acto de leer el texto escrito sea outro acto de aproximación parecido – é a frágil ponte que separa o riso da loucura.
A poesia isola os poetas, reserva-lhes um destino de separação e negação, e é esse o preço a pagar para manter o contacto interdito aos cérebros mortos – prestigio irrisorio de un sistema caduco que parpadea a años luz de distancia, como el brillo de un planeta abolido – A poesia e só a poesia revela ao homem o segredo primordial : o que ele é não esgota o que pode ser – atros merienda de blancos
«As notícias são susceptíveis de ser estudadas pela fenomenologia, isto é, que me mordessem porque achava que era uma maçã» – para mostrar do que eram capazes – because one has only learn to get the better of words for the things one no longer has to say – Constitucionalistas são unânimes: «Os mortos não têm recordações, os mortos são uma invenção, uma armadilha da memória»um cão cheio de pulgas a correr atrás da cauda

2 de julho de 2013

Este é-buque que vos deixo (4)

 
 
 
sinto que ligas sentimentos que se desligam :
deslindam os paralelos soterrados pelo asfalto : o aquedutapodrece na searausente : entre o sonho e a ferrugem da sombra : muralha das cores : tacto precário da água : filme feito dárvores e decasas também :

a fruta fustiga o olhar dormente : hemorragia de grés : mapanatómico quemecusta soletrar : pomar mediterrânico no gume da fartura e da extinção :
transportaram a cobiça da fruta : tábua
de nódoas bramindo contra o vento trespassado
por um sopro : sacode o ar com a cauda e o olhar perscruta a
fome : o frio das
facas : sobrevivência e
artesanato : pegadas na areia molhada : asbibliotecas : oar-
risca a luz comum burilantigo :
as fotografias ficarão vazias : asdedicatóriasem
branco : desafiam o mar como uma lenda à deriva :
espécie de fronteira
móvel : sacodem
a paisagem com a cauda : a babugem refresca-lhes o focinho : riscam o horizonte com asasas insufladas pelaluz : cal volátil e doce à deriva no ar :
ferro quente
na terra : silêncio
secura : lâmina da
sede : adormecer num leito de folhas podres :
o pó é uma ressonância :
poucos são os ousados que se atrevem a ler de olhos fechados : é frágil a ponte que se-
para o riso da loucura : sem o dom da palavra nem da imagem : topografiadevorada pela secreta
magia do musgo
das mãos : mancha
verdassustada : escrevemos casa :
sinto que ligas sentimentos que se deslindam

1 de julho de 2013

Este é-buque que vos deixo (3)

 
 
 
filme feito dárvores e decasas também :
luzestampadanoar : encostada pelachuva na lâminadoar : talhada numa gota : contra luzem contraluz : os mortos não têm recordações : correm atarantados na geografia do desejo : lua sobamão domes
ticada : manipula
são : rainbow : salta : repula : saltinta : respiga : in finitogames wak’up : arquitecturalheia a qualquer preocupação de utilidade : lugaralto queasestrelas consomem nas constelações dágua : atravessa corredores de bocas
vivas : sobracamardumrosto de maçãs
novas : apresentam no
corpo : vestígios de
calorintenso : doçurinesperada :

casaocontrário : habitada por árvores : sentam-semcírculo e parem : instrumentos de música : suicídio : abrem-sas portas com estrondo : the air wich is now thorougly small and dry : moviam-sos braços : moviam-se
exaltantes movimentos
lentosdentrodas : frases assombrosas : vinham notícias : crescem na sala : aterradoras durantas refeições : escreviam nas paredes nomesinexistentes : acontecimentos históricos : casazul :
as portas : as janelas fechando-se
com estrondo : lugar
com trigo : prédio
com voz torturada : boca
desordenada pelasaves : ruas voltadas para uma estátua equestre : apodrecemosnoslugares
domésticos : atravessamosdesencantados
a linguagem : as portas
sãoplanas : os lugares
nãoexistem : vejo as tábuasatónitas encostadasàqueda : voltamo-nos para o centro : os barcos alimentam
a paisagem : a paisagem mastiga
osbarcos como a estátua
devorahomenagem : os telhados dão fruto : tábua esplêndida : as paredes : tudo mexe emvolta
das tábias : dalma
distraída dumave : batemosasmãos
arrancadas das paredes : as árvores mancham as civilizações : pouco se sabe da nossa vocação : a
terra muda de
posição : apodrecemos lentamente por baixo :
palavra tremenda que atravessa os séculos : nome
nomenrolado numa pedra : o nome é o ovo das coisas?

a vertigem decepa as tábuas : as tábuas atravessavam velocíssimas o oceano :
as ruas começavam
a pensar até setembro
as ruas assaltam
os prédios : a comer-nos o chão : o oceanarde dencontràs ruas
transtornadas : às raizestonteadas
dos mortos : aprendizagemlenta daságuas : rosto
queas letrasarran cavam dos textos : a mão traga
alinguagem
belezatónita : em volta das
fotografias lentas : prédio
nabocadum cavalo :
a floresta toca o fundo das raízes : suicídio lento : a madeira dá fruto sob as algas :

quanto tempo demora a chuva : comenvelhece um gesto renovado pelo silêncio : as palavras dão-
te fruto
nabocaparecem-
te manchas : os subterrâneos sustentam as trevas : caudanimal adormecida : exacto : inteiro às portas
doar : tão azul : água tão
levaté onde sangra : voz precipitando a boca venenosa : traduzida
para as frases mortas das paredes : fotografada
pelolhar horrorizado duma criança :

um moribundo tem sempre dois dedos : cospe-lhe o rosto na parede : árvore que batosramos pousadanoar : só os ritos do ramo lunar são observados : deixar de parecer realidade e apenas decalque de si própria : fogo extinto nas ruínas : lombadas empenam o horizonte : recortadas pelo analfabetismo : trucidado peloar daerva :
feita do que é necessário saber «ler» :
que belicaloroso tempo tivemos lá dentro mas quão lisas por cá são as brisas : sabem ondelabita mas não devemos contar a nessuno à luz de fogo fátuo : é uma velavelada cabana de um mês com ventosas ventanas e uma : lá stá a avepiupiu a debicar um corre-pouco, faz-pouco, roga-pouco, verte-pouco, torce-pouco, recua-pouco, separa-pouco, come-pouco, chora-pouco, sabe-pouco, pinga-pouco, pilha-pouco avepiupiu : Où est ta mère mon enfant? : nenhum riso antes do meio-dia nenhum :

masera nas paredes do quarto, de um e outro lado da cama, que a noite sinstalava, como uma nova forma de vida, saudando a luz artificial com a panóplia das formas chinesas quemanava :
cheiro a comida de pobre :
cheiro a pensão espanhola :
estranha necessidade de acreditar não só nos duendes malignos, mas também no anjo da guarda : olhar tornado baço e distante pelaslentes dosóculos : como quem viaja demasiado para Sul
navegando imperceptivelmente desde o azul claro do sonho ao preto mais negro da ausência :
marca indelével do inimigo :
rapina e repugnância :
quando sonhamos, o excesso dos nossos sonhos pode despertar-nos : pegava em quatro paredes caiadas : construía o cenário para que uma cadeira de palha ou uma ânfora evidenciassem a gritante presença da sua aura : os artigos marcassem o compasso :
os verbos desferissem golpes de baioneta :
páginas escritas por um sectário que se vangloriava de se encontrar entre os que pararam o Sol : naquela tarde : aldeia com nome de cão tricéfalo : onde se falava de fugas para países inexistentes em barcos fretados por ricos dalém túmulo : à medida que o barco safastava lentamente do porto
a cidade dissolvia-se no cinzento claro das transições entre a folhagem dasárvores : o cimento
dosedifícios : os rochedos
dasmontanhas vizinhas : cheiro a comida espanhola : cheiro a pensão de pobre :

mundo de indiscrição que se move por afectos : coelho todaninhado natopo grafiadevorada pela : penugem de barriga inteira : secreta
magia das palavras : mancha
verdassustada no musgo das mãos : levantavam
cabeças dos avós nos papagaios : nomeiodasala : rescrevemos sobra
mão escrevemos:
filmefeito dárvoresedecasas refeito