20 de fevereiro de 2011

Nem sempre a lápis (135)

Fiz bem em vir de véspera, com o rascunho d’ O princípio do prazer no portátil e John Berger (Con la esperanza entre los dientes) na mochila. Passei um fim-de-semana demasiado turbulento para o meu gosto e necessidade, salvou-me ter estado à conversa com o Rui Pires Cabral no Bartleby e ter aparecido o Luís Manuel Gaspar. Terminadas as reflexões sobre As Lições dos Mestres (George Steiner), convidei o Luís – «Finalmente, até que enfim; eras o último que me faltava», celebrou o contrato – para fazer a vinheta, e a capa?, de Nem sempre a lápis; um bloco de apontamentos cerzido pela Inês Mateus, distribuído em saquetas tea for one, lá mais para Abril. Comecei a semana com o olho posto no ícone meteorológico do Google, sintonizado para Vila Real; chuva e trovoada, máximas de seis e oito graus, tive o cuidado de evitar as mínimas. Decidi pôr termo ao impasse e fazer uma viagem com destino, mas sem horário. Só levei com uma carga de água entre Santarém e a saída para Torres Novas, só parei na área de serviço da barragem da Aguieira, sem ir a Mortágua; talvez no regresso, quero chegar ao Sul em roda livre. Já perto de Peso da Régua, cruzei-me com um camião em marcha lenta – com o aviso, bem visível, de que andava a pôr o asfalto em salmoura – e quanto a água, só a do Vouga e a do Douro e a do Corgo, que não vi, além da levantada pelos secadores das estradas; depois, estampam-se e sorteiam a reforma. Segui as indicações dadas pelo Rui, pelo Nuno Monteiro – o grande culpado de tudo isto, que nunca saberei como lhe agradecer –, mas (ainda) não vi nenhuma locomotiva em pose de monumento; e se eu vinha com ela fisgada. Nevou durante a noite, mostraram-me os cerros que justificam o nome do hotel: Miraneve e olha que linda; ontem não a viste, passaste ao lado do Caramulo de noite. Quando entreguei os livros ao Nuno para montar a banca e termos oportunidade de sairmos do e-mail e da bloga – ele é alérgico a telemóveis, como eu a televisão –, caiu uma carga de granizo que deu o toque em falta ao granito para me receber, reconheço. Bom anfitrião, lamentou que o tempo não me deixasse perder pela cidade, como adivinhou que gostaria; sorri, sem me apoquentar, a ver o Vento.

4 comentários:

imo disse...

Já espreitaste o "Jerusalém"?

fallorca disse...

Primeiro é conveniente aprender a rezar ;)

Marta disse...

gostei de saber :)

fallorca disse...

Foi comovente, Marta; é a palavra exacta :)