18 de janeiro de 2012

«É bom trabalhar nas Obras» (96)

«Inspirado na infância da autora, O Corpo Em Que Nasci é a história de uma menina que nasceu com um defeito num olho. A sua vida, durante os anos setenta, vê-se influenciada pela sua visão limitada, mas também pela ideologia dominante nessa época: o casamento aberto dos seus pais, as escolas activas, as comunas hippies, a liberdade sexual e o respectivo envolvimento. As diferenças físicas e psicológicas que a distinguem, fazem com que a protagonista se identifique com os seres que vivem à margem das modas e das convenções sociais.
Escrita em jeito de solilóquio no divã de um psicanalista, a narradora torna-nos cúmplices das suas recordações mais íntimas e das interpretações que faz da sua própria vida. Trata-se de uma história cheia de senso de humor, mas também de realismo, em que o mundo infantil se apresenta muito mais abominável do que parece à primeira vista.
Um romance de iniciação à vida e à literatura, um bildungsroman situado entre a América Latina e a Europa, nas suas facetas menos óbvias. O exílio sul-americano, a emigração magrebina, as prisões da Cidade do México, constituem parte do contexto deste comovente romance, que percorre o caminho de volta à dignidade e à aceitação de nós próprios.
Guadalupe Nettel confirma com este romance, o que a crítica saudou desde a sua estreia: que é uma das revelações em língua espanhola da última década.
O escritor colombiano Juan Gabriel Vasquez, por exemplo, afirmou: «Há muito tempo que não me encontrava, na literatura da minha geração, com um mundo tão pessoal e intransmissível como o de Guadalupe Nettel.»
[Guadalupe Nettel, O Corpo Em Que Nasci; em tradução para a Teodolito]

3 comentários:

F disse...

Eh pá! Isto interessa-me. Mas na língua de Camões.

fallorca disse...

Tem calma, esponja parabólica :P

F disse...

Quem espera sempre alcança.
Avisa, certo?