«A Great American Telegraph Company alojava o seu departamento de recrutamento de boletineiros num atarracado edifício desengonçado sito na baixa da cidade. No andar de cima ficava um armazém de guarda-roupa; no andar de baixo um alfaiate, onde as fardas dos boletineiros postas de parte eram renovadas, limpas e passadas a ferro. O chefe dos alfaiates era o pau-para-toda-a-obra do vice-presidente. Deslocava-se por todo o território dos Estados Unidos, instruindo os seus subordinados na arte da economia, equipando postos com escovas de graxa preta, autorizando remendos, etc. escrevia também volumosos relatórios em inglês macarrónico, informando o vice-presidente de que o posto de Omaha, por exemplo, numa determinada manhã do ano ainda não tinha aberto às 8:15 da manhã; que em Denver tinha encontrado secretárias não equipadas de corrente e lápis; que o empregado da recepção em New Orleans tinha as unhas sujas e mascava tabaco. Por este tipo de informações recebia um belo ordenado. Naturalmente, onde quer que fosse era acolhido como um leproso.»
[Henry Miller, Moloch; trad. J. Teixeira de Aguillar, jornal Público, Colecção Mil Folhas, Março 2004]
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