12 de janeiro de 2012

Nem sempre a lápis (251)

«Desceu numa estação portuária. Na margem mais firme do sapal, onde se levantou a cidade do Sul. Afastou-se até encontrar uma residencial familiar. Arredou a cortina da janela do quarto. Dava para o logradouro, para a harpa de roupa estendida nas cordas; de parede, a parede. Velhas e riscadas pelo trânsito da humidade.
De um lado, viam-se gatos; do outro, árvores.
E um céu de chuva, comum a todos.
Antes, percorreu todos os sentidos de autocarro. Agora, sentia-se ali: nas ruas e ruelas que desembocavam no rio, no comboio que ouviu chegar na ponte vazia.
E pôs-se a caminhar. Leitor curioso do empedrado das ruas, deu em leitor compulsivo do rumo das calçadas. Levava um falcão no bolso, um lápis afiado.»

[estação]

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