«A implosão das igrejas é outro passo certo dado em direcção a um estado social que não desperdiça. O reino da Igreja não é deste mundo. E, se ao mundo não pertence, nele não se deve edificar. Plantar raízes. A fé não nasce de um edifício nem se desenvolve nos volumes da arquitectura. É insensato ocupar desnecessariamente metros quadrados públicos com tais pretextos metafísicos. Metros que, usados de forma racional, podem ser rentabilizados noutras matérias. Pois, se existe a fé, e ela se mostra consistente perante a adversidade, então que Deus e o seu séquito ocupem apenas a carne daquele que nele acredita. Fora da carne, Deus perde compostura, ideias e emoção. É pernicioso e um claro sinal de desobediência, já para não falar numa alta arrogância, fundar alicerces metafísicos fora do único templo sagrado; do único templo que pode ser reconhecido como um espaço de fé, que é a carne de quem reza.
É chegado o tempo, pois, de fazer implodir todos esses tijolos e frontispícios pretensiosamente divinos.»
É chegado o tempo, pois, de fazer implodir todos esses tijolos e frontispícios pretensiosamente divinos.»
[Sandro William Junqueira, Um piano para cavalos altos; Caminho, Dezembro 2011]
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