10 de março de 2012

Papiro do dia (196)

«Certa noite, à mesa de Tarzan, acendeu um cigarro e fiquei impressionado pela delicadeza das suas mãos. E acima de tudo, pelas unhas brilhantes. Pintadas de verniz incolor. Este pormenor corre o risco de parecer fútil. Sejamos então mais sérios. Para tal, importa fornecer alguns pormenores sobre os clientes habituais do Condé. Tinham, pois, entre dezanove e vinte e cinco anos, excepto alguns clientes como Babilée, Adamov ou o Dr. Vala, que rondavam os cinquenta, mas a sua idade não contava. Babilée, Adamov e o Dr. Vala eram fiéis à sua juventude, àquilo a que podíamos chamar “boémia”, um termo belo, melodioso e antiquado. Procuro “boémio” no dicionário: Pessoa que vive uma existência vagabunda, sem regras nem preocupações com o dia seguinte.»
[Patrick Modiano, No Café da Juventude Perdida; trad. Isabel St. Aubyn, ASA, Abril 2009,
flaneur]

2 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

onde é qu eu li recentemente sobre o dono de um bordel com as unhas "esmaltadas de forma obscena"? ou foi èrico veríssimo ou Tabajara Ruas...

Claudia Sousa Dias disse...

já vi! foi Tabajara ruas em "Perseguição e cerco a Juvêncio Gutierrez"!