30 de abril de 2012

Nem sempre a lápis (274)

Deitava-se e passava levemente pelas brasas. Despertava e permanecia muito tempo – assim o confirmava o relógio, quando o olhava – de olhos abertos no escuro. Conhecia o desfecho do ritual. Acabava por acender a luz e pegar num lápis e num bloco estrategicamente colocados em cima dos livros; ao lado da cama.
Deitava-se de lado, apoiado no cotovelo, e escrevia até ver as letras desmaiadas pelo cansaço que antecede o sono.
Era um leitor que escrevia para o dia seguinte; não gostava de ler.

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns por estes pedacinhos de arte que espalha pelo blog :)

fallorca disse...

Obrigado; ou melhor, agradecido