16 de agosto de 2012

Nem sempre a lápis (309)

Animais domésticos
(1970/1980)

15. Uma mão colhe uma maçã e não sabe como regressar depois ao corpo. Ficámos por saber quanto tempo demora a chuva,
como envelhece um gesto renovado pelo silêncio.
Entretanto, acendes um cigarro e descreves um círculo na areia. Pouco depois uma flor nasce ao contrário, e sentes os dedos cheios de sangue. Contas a história de uma laranja para que ninguém dê por nada, mas as palavras dão-te fruto na boca e aparecem-te manchas pelo corpo. Todo. Dentro em pouco cortam uma cana para uma flauta, que não saberá outro som que o do teu nome enlouquecido.

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