![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMeXYG-qIz7Z4_xvmHECbA2FQHMqi5HtKTkhObNeSjD3E7v5QlU1NHYvpzOmp2-Injasx1ECzOJZmEg1vQDOowzDgeK_tYathB84MCzQBwEB3tzljYhk3xqXC3UQldr9YpKWdUi8aRi7c/s400/Sean+Ford.jpg)
Tem de estender a mão em direcção à pilha de jornais, tem essa dívida para com o velhote; e é com satisfação que o faz. Sente aqui finalmente uma certa alegria, sente-se em dívida, mas sem opor resistência.
Põe-se a ler ao azar os títulos, as notícias locais, a página cultural, notícias várias, a secção desportiva. A data não importa minimamente, podia trocar aquele jornal com um de há cinco anos que o resultado seria o mesmo, ele só lê a cadência, a letra inconfundível, a disposição gráfica. Melhor do que em qualquer outro lugar ele sabe o que aqui é tratado em cima, à esquerda, e em baixo, à direita, o que aqui é tido por bom ou por mau, nos jornais. Só aqui ou além é que desajeitadamente se introduziu um novo vocábulo.»
[Ingeborg Bachmann, Trinta Anos; trad. Leonor Sá, Relógio d’Água, 1988;
Sean Ford]
Sem comentários:
Enviar um comentário