10 de junho de 2011

Nem sempre a lápis (175)

«Sou citada num determinado momento na edição espanhola de Perder Teorias. Citada – diga-se já agora – de um modo bem curioso. E aleivoso. Porque se pegarmos na versão francesa do livro veremos, talvez com uma certa surpresa, que as minhas brilhantes frases – retiradas de supostas declarações minhas à The Paris Review – são ali atribuídas a Vilém Vok, escritor checo de duvidosa existência, apesar de ter umas mil entradas no Google», escreve Liz Themerson no prefácio de Perder Teorias. Se exceptuarmos a referência na Wiky à House of Rosenberg e aos irmãos Vilém e Petr, filhos de Jost III, que levaram a casa boémia à decadência no séc. XVII, todas as entradas remetem para Vila-Matas e Dublinesca; a alternância entre os nobres boémios e o escritor catalão verifica-se também na busca por imagens. Já agora, quem é Liz Themerson, apresentada nesta breve nota biográfica? «Nasceu em Brooklyn, em 1947. Hispanista, tradutora, professora na George Washington University. Co-dirige, com Lewis Burn, a revista Washington Gale, desde 2001. Traduziu para inglês obras de Julio Ramón Ribeyro, Sergio Pitol, Roberto Bolaño, A. G. Porta e Julia Dugarry.» Isso é o que diz a badana da colecção Únicos / Seix Barral, porque se procurarmos no Google – Web e imagens – tudo o que se nos oferece sobre a tradutora hispanista e co-editora de uma revista, natural(mente) de Brooklyn, é uma imaginativa – delirante, assenta melhor que imaginativa – tertúlia na bloga, onde vale tudo e tudo se arrisca, sobre os heterónimos de Vila-Matas, presentes nos livros assinados com nome próprio. Assim como Perder Teorias é um anexo de Dublinesca, tudo leva a crer que o prefácio de Liz Themerson seja um anexo para as teorias que começo a perder.

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada. Era o que eu "suspeitava". Estou a lê-lo para crítica. Um beijinho. Dóris