26 de março de 2011

Nem sempre a lápis (145)

A última vez que a paciência cedeu à curiosidade em abrir caixotes com livros, encontrei os volumes das Obras Completas de Borges, que não trouxe, e O Mal de Montano em falta, na estante. Dois outros títulos de Conrad, de proveniência e tradução diversificada, encostaram-se a A Linha de Sombra, acompanhados pelas Parábolas Sufis e a simples, discreta e elegante 2.ª. edição da Ática, onde leio os Quatro Quartetos há mais de quarenta anos; revelados outros pela generosidade itinerante da Gulbenkian – «Go, go, go, said the bird: / o género humano / Não pode suportar muita realidade.» –, no tempo em que os livros tinham cheiro. Às vezes, com um cheirinho. Não procurei, não me dispus a ir buscar o escadote para encontrar um hipotético caixote, onde terão de estar um livro (qual?) de Ruy Duarte de Carvalho e A Tábua das Marés, de Menchu Gutiérrez. Talvez por tão ansiado, é um livro que tem vindo a tornar-se numa espécie de comporta que retém todas as leituras, sem transbordar. A coisa tornou-se mais grave quando me deparei com Sobretudo as vozes no blogue da Poesia Incompleta, livraria onde aguarda. Hoje, estive vai-não-vai para ir buscá-lo. Acabei por ligar para a Pó dos Livros e esperar pela sms a informar que tenho A Tábua das Marés disponível para voltar à leitura. Sempre atento, pretendendo-se preocupado com a minha concentração no bloco, o velho resistente anti-fascista não se conformou com a brevidade do cumprimento; aproximou-se a queixar-se que esta luz faz mal à vista.

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