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Chegado à clareira, pousou os varais da carroça e contornou os vestígios de uma fogueira do seio da qual assomava uma esguia haste de fumo, semelhante ao pistilo de uma flor queimada, com o fino nariz franzido e olhos cautelosos. Os contornos de homens que ali tinham dormido recortavam-se na erva calcada e empeçonhada. Ele pôs o menino no chão e apanhou lenha e tornou a atear o lume. As trevas tombaram e os morcegos vieram caçar no aceiro, voando para trás e para diante como pequenas almas sem voz acima da silhueta ali cabisbaixa, de ar soturno, apoiada nas canelas magras. Depois foram-se embora. Uma raposa parou de regougar. O bufarinheiro, envolto na sua manta roída das traças, cabeceava. O menino dormia.
Os três homens, ao surgirem, quase pareceram ter assomado da terra. O bufarinheiro não foi capaz de explicar aquela aparição. Reuniram-se em volta do fogo e olharam-no de alto. Um deles trazia uma espingarda e sorriu. Viva, saudou o bufarinheiro.»
[Cormac McCarthy, Nas Trevas Exteriores; trad. Paulo Faria, Relógio D’Água, Junho 2011;
quinquilharia]
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