«Quando Brown sai da floresta, desembocando na via-férrea, está ofegante. Não é devido ao cansaço, embora a distância que percorreu em vinte minutos tenha sido de quase dois quilómetros, e o terreno tinha sido difícil. Mais que isso, era a respiração rosnadora e malévola de um animal em fuga: enquanto ele pára a fim de olhar em ambas as direcções da via-férrea deserta, a sua cara, a sua expressão, é a de um animal que foge sozinho, sem desejar a ajuda de um companheiro, agarrado à sua confiança solitária e exclusiva nos seus próprios músculos e que, ao parar para cobrar fôlego, odeia qualquer árvore, uma folha de erva que veja como se fossem inimigos vivos, odeia mesmo a terra sobre a qual repousa e até o próprio ar que precisa para respirar.»
[William Faulkner, Luz em Agosto; trad. Jorge Telles de Menezes, Bibliotex, 2003]
27 de abril de 2013
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