Sueste
2. Enquanto o sol se empina no ar, como um cavalo com cio, os pardais ocultam-se no fundo da luz – 
estandarte verde esmeralda onde nenhum corpo recupera da insónia e tudo é peso resgatado ao ar.
Nada lhes denuncia o abrigo; 
as crias aguardam que a canícula aloure a seara para alimentarem a cobiça dos costelos;
os lagartos esticam a língua sobre os muros velhos, 
mas as cobras passam ao largo, evitando os cardos que as mulheres secam no telheiro para talhar o leite.
A brisa turva a poalha do largo abandonado, 
onde os cães reinam como larvas numa página esquecida.
 
Sem comentários:
Enviar um comentário