30 de julho de 2013

Nem sempre a lápis (380)

Sueste
 
2. Enquanto o sol se empina no ar, como um cavalo com cio, os pardais ocultam-se no fundo da luz –
estandarte verde esmeralda onde nenhum corpo recupera da insónia e tudo é peso resgatado ao ar.

Nada lhes denuncia o abrigo;
as crias aguardam que a canícula aloure a seara para alimentarem a cobiça dos costelos;
os lagartos esticam a língua sobre os muros velhos,
mas as cobras passam ao largo, evitando os cardos que as mulheres secam no telheiro para talhar o leite.

A brisa turva a poalha do largo abandonado,
onde os cães reinam como larvas numa página esquecida.
 

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