1 de julho de 2013

Este é-buque que vos deixo (3)

 
 
 
filme feito dárvores e decasas também :
luzestampadanoar : encostada pelachuva na lâminadoar : talhada numa gota : contra luzem contraluz : os mortos não têm recordações : correm atarantados na geografia do desejo : lua sobamão domes
ticada : manipula
são : rainbow : salta : repula : saltinta : respiga : in finitogames wak’up : arquitecturalheia a qualquer preocupação de utilidade : lugaralto queasestrelas consomem nas constelações dágua : atravessa corredores de bocas
vivas : sobracamardumrosto de maçãs
novas : apresentam no
corpo : vestígios de
calorintenso : doçurinesperada :

casaocontrário : habitada por árvores : sentam-semcírculo e parem : instrumentos de música : suicídio : abrem-sas portas com estrondo : the air wich is now thorougly small and dry : moviam-sos braços : moviam-se
exaltantes movimentos
lentosdentrodas : frases assombrosas : vinham notícias : crescem na sala : aterradoras durantas refeições : escreviam nas paredes nomesinexistentes : acontecimentos históricos : casazul :
as portas : as janelas fechando-se
com estrondo : lugar
com trigo : prédio
com voz torturada : boca
desordenada pelasaves : ruas voltadas para uma estátua equestre : apodrecemosnoslugares
domésticos : atravessamosdesencantados
a linguagem : as portas
sãoplanas : os lugares
nãoexistem : vejo as tábuasatónitas encostadasàqueda : voltamo-nos para o centro : os barcos alimentam
a paisagem : a paisagem mastiga
osbarcos como a estátua
devorahomenagem : os telhados dão fruto : tábua esplêndida : as paredes : tudo mexe emvolta
das tábias : dalma
distraída dumave : batemosasmãos
arrancadas das paredes : as árvores mancham as civilizações : pouco se sabe da nossa vocação : a
terra muda de
posição : apodrecemos lentamente por baixo :
palavra tremenda que atravessa os séculos : nome
nomenrolado numa pedra : o nome é o ovo das coisas?

a vertigem decepa as tábuas : as tábuas atravessavam velocíssimas o oceano :
as ruas começavam
a pensar até setembro
as ruas assaltam
os prédios : a comer-nos o chão : o oceanarde dencontràs ruas
transtornadas : às raizestonteadas
dos mortos : aprendizagemlenta daságuas : rosto
queas letrasarran cavam dos textos : a mão traga
alinguagem
belezatónita : em volta das
fotografias lentas : prédio
nabocadum cavalo :
a floresta toca o fundo das raízes : suicídio lento : a madeira dá fruto sob as algas :

quanto tempo demora a chuva : comenvelhece um gesto renovado pelo silêncio : as palavras dão-
te fruto
nabocaparecem-
te manchas : os subterrâneos sustentam as trevas : caudanimal adormecida : exacto : inteiro às portas
doar : tão azul : água tão
levaté onde sangra : voz precipitando a boca venenosa : traduzida
para as frases mortas das paredes : fotografada
pelolhar horrorizado duma criança :

um moribundo tem sempre dois dedos : cospe-lhe o rosto na parede : árvore que batosramos pousadanoar : só os ritos do ramo lunar são observados : deixar de parecer realidade e apenas decalque de si própria : fogo extinto nas ruínas : lombadas empenam o horizonte : recortadas pelo analfabetismo : trucidado peloar daerva :
feita do que é necessário saber «ler» :
que belicaloroso tempo tivemos lá dentro mas quão lisas por cá são as brisas : sabem ondelabita mas não devemos contar a nessuno à luz de fogo fátuo : é uma velavelada cabana de um mês com ventosas ventanas e uma : lá stá a avepiupiu a debicar um corre-pouco, faz-pouco, roga-pouco, verte-pouco, torce-pouco, recua-pouco, separa-pouco, come-pouco, chora-pouco, sabe-pouco, pinga-pouco, pilha-pouco avepiupiu : Où est ta mère mon enfant? : nenhum riso antes do meio-dia nenhum :

masera nas paredes do quarto, de um e outro lado da cama, que a noite sinstalava, como uma nova forma de vida, saudando a luz artificial com a panóplia das formas chinesas quemanava :
cheiro a comida de pobre :
cheiro a pensão espanhola :
estranha necessidade de acreditar não só nos duendes malignos, mas também no anjo da guarda : olhar tornado baço e distante pelaslentes dosóculos : como quem viaja demasiado para Sul
navegando imperceptivelmente desde o azul claro do sonho ao preto mais negro da ausência :
marca indelével do inimigo :
rapina e repugnância :
quando sonhamos, o excesso dos nossos sonhos pode despertar-nos : pegava em quatro paredes caiadas : construía o cenário para que uma cadeira de palha ou uma ânfora evidenciassem a gritante presença da sua aura : os artigos marcassem o compasso :
os verbos desferissem golpes de baioneta :
páginas escritas por um sectário que se vangloriava de se encontrar entre os que pararam o Sol : naquela tarde : aldeia com nome de cão tricéfalo : onde se falava de fugas para países inexistentes em barcos fretados por ricos dalém túmulo : à medida que o barco safastava lentamente do porto
a cidade dissolvia-se no cinzento claro das transições entre a folhagem dasárvores : o cimento
dosedifícios : os rochedos
dasmontanhas vizinhas : cheiro a comida espanhola : cheiro a pensão de pobre :

mundo de indiscrição que se move por afectos : coelho todaninhado natopo grafiadevorada pela : penugem de barriga inteira : secreta
magia das palavras : mancha
verdassustada no musgo das mãos : levantavam
cabeças dos avós nos papagaios : nomeiodasala : rescrevemos sobra
mão escrevemos:
filmefeito dárvoresedecasas refeito

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