31 de outubro de 2010

À mão de ler (101)


«O salteador chegou, então, junto a uma velha casa já desabitada, ou melhor, junto a uma casa que, por ser muito velha, havia sido demolida e da qual já nada restava, uma vez que deixara de se notar que existira ali uma casa. Para ser mais conciso: portanto, ele chegou a um local onde outrora existira uma casa. Estes rodeios que estou para aqui a fazer têm como objectivo preencher tempo, visto que tenho de dar um certo volume ao meu livro, para que não me desprezem mais profundamente do que o fazem já. Isto não pode continuar assim. Uns senhores que há para aí, uns pândegos, chamam-me idiota, porque os romances não me saem a esmo das algibeiras.»
[Robert Walser, O Salteador; trad. Leopoldina Almeida, Relógio d’Água, Janeiro de 2003;

2 comentários:

MCS disse...

Muito bom. O verdadeiro livro que é um tijolo.

fallorca disse...

Hoje, comprei um robusto tijolo, cerca de 500 páginas, bem encadernado. Suficientemente robusto para fazer «Uma Viagem à Índia» :)