Abençoadas circunstâncias que me permitiram voltar a fazer férias em Setembro; estava bem arranjado, com a precipitação das folhas, o virar de página. Enquanto Piglia continua a afinar a mira do holofote para que eu acerte em Alvo Noctuno e aguardo a leitura da revisão de Dublinesca, abri o e-mail à espera da reportagem privada da viagem à Índia, mas esperava-me esta comunicação (póstuma) de Francisco Casavella; Um Anão Espanhol Suicida-se em Las Vegas. Não conhecia o caso, como diria o comissário Croce; deleguei no Google as apresentações, anotadas pelo escriturário Saldías. Lidas no contexto íntimo do leito, não estou de cama, cheira-me que só tenho Vantagens Em Viajar de Comboio, até Madrid. Entretanto, massacrados três Cormac sem tirar fora (eu não me convenço de que já não tenho idade para certas coisas), ao arrumar O Guarda do Pomar, saltou-me à mão O Salteador. Deliro, é o termo, com estas coincidências; deve ser por isso que vou mantendo as estantes como um baú encontrado num sétimo andar e não num sótão, como uma livraria vagamente conhecida com preços muito acessíveis. Acreditem que dá outra alegria, dá outra animação à casa. «Em que camisa de varas estou eu aqui a meter-me! Mais tarde, voltarei seguramente a este assunto» (Robert Walser). Quanto ao tal fulano, foi comprado há uns anos na fnac da Guia, admito que aconselhado pela tradução de O Mal de Montano, de Doutor Pasavento, a fazer fé na edição de Janeiro de 2003; acabei por nunca o ler, permanecia em prisão preventiva. Se der ouvidos às provocações de certos blogues, esta semana vou a Lisboa desgraçar-me com o humilde pretexto de que é só para fazer o levantamento d'A Costa das Sirtes, traduzida por Tamen; não creio que haja outra. Aproveito a oportunidade para fazer a triagem – de memória, seria uma indelicadeza para com o Jaime – entre a edição brasileira de Haxixe e Sobre o Haxixe e Outras Drogas, que João Barrento acaba de traduzir para a Assírio & Alvim. Acordos ortográficos à parte, suspeito que são dois livros diferentes; como não sei alemão, qual será o de Walter Benjamin? Agora a sério; até levantar Fevereiro, não me digam nada e prometo a mim mesmo não ir a Madrid. Só mais tarde, de comboio; voltarei, seguramente, a este assunto.
23 de outubro de 2010
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